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Vereadores de Belém aprovam requerimento que torna Trump ‘persona non grata’ na cidade
O município sediará a COP30, evento para o qual o presidente dos EUA deve ser convidado por Lula; título aprovado é simbólico e não impede eventual visita do político à cidade


Os vereadores de Belém, capital do Pará, aprovaram um requerimento que torna o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, persona non grata na cidade. O município vai sediar, em novembro, a COP30, a tradicional Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas. O texto foi aprovado com 12 votos a favor, nove contrários e duas abstenções – 23 parlamentares participaram da votação, que aconteceu na quarta-feira 6.
Na prática, convém registrar, o título tem valor apenas simbólico e não impede que o norte-americano visite a cidade, caso queira. O presidente Lula (PT), aliás, já confirmou que deve convidar o político norte-americano para o evento em Belém.
O requerimento que tornou Trump persona non grata na capital do Pará foi apresentado pelo vereador Alfredo Costa (PT), que usou o tarifaço para justificar a proposta. “A aplicação de tarifas e percentuais absurdos, desproporcionais, exagerados e injustos sobre produtos nacionais exportados pelo Brasil àquele país.”
“Não são os grandes megaempresários que vão ser atingidos, mas o povo trabalhador, vendedor de açaí, também vai ser atingido. Esta casa tem que ter um posicionamento claro em defesa da economia local, da economia brasileira, do povo trabalhador, dos empresários, enfim, de todo mundo que está sendo prejudicado por uma atitude irresponsável do presidente norte-americano”, disse Costa ao defender a proposta.
Para a vereadora Marinor Brito (PSOL), outra apoiadora da medida, Trump tenta interferir nos poderes constituídos no Brasil. “Estamos aqui para repudiar esse tarifaço e a tentativa do governo Trump de interferir na soberania. Estamos aqui para defender o emprego e a renda, defender o que realmente importa para o povo brasileiro”, destacou.
Vereadores alinhados ao bolsonarismo votaram contra a proposta e criticaram a decisão, que, segundo eles, pode ter prejudicado a realização da COP30. “É para os Estados Unidos não participarem da COP30? Vocês que fazem campanha diariamente para a COP30 estão boicotando o evento. Olha a incoerência”, criticou o parlamentar Zezinho Lima (PL).
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