Política

Vazamento de relatório da CPI da Covid gera desentendimentos entre senadores

A cúpula diverge sobre o tipo penal de crime que deve ser atribuído a Bolsonaro. A leitura e votação do documento foram adiadas

FOTO: WALDEMIR BARRETO/AGÊNCIA SENADO
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O vazamento do relatório da CPI da Covid à imprensa antes do texto consolidado causou incômodo entre os senadores da comissão. Este foi o motivo pelo qual o documento, que seria lido na terça-feira 19 e votado no dia seguinte, teve o seu cronograma alterado: a leitura ficou para a quarta-feira 20 e a votação ocorrerá no dia 26.

Nesta segunda-feira 18, o vice-presidente da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) falou sobre as divergência entre a cúpula da CPI.

“O texto não deveria ter sido vazado. Deveríamos ter consolidado todas as contribuições e, aí sim, encaminhar o texto da parte do relator. O vazamento do texto antes de terem sido consolidadas as contribuições criou de fato um incômodo. Incômodo que temos que superar”, afirmou Randolfe, ao também considerar como ponto negativo o prazo anterior de 24 horas entre a leitura e votação do relatório.

“Ocorre que uma eventual vista de apenas 24 horas, no nosso entender, poderia causar eventual argumentação de nulidade, na fase posterior, quando o relatório for encaminhado para as providências por parte do Ministério Público”, apontou o senador.

O presidente da comissão, o senador Omar Aziz (PSD-AM) também se posicionou sobre o vazamento de trechos do documento. “É  de conhecimento do relator e de várias pessoas membro, principalmente do G7, que tinha divergências e queria ser convencido em relação a genocídio. Ele não fez isso e logo vazou esse relatório sem saber que a gente queria discutir essa questão. Então se você me perguntar se está tudo bem, não, não está tudo bem”, disse em entrevista à GloboNews.

“Agora, não é por isso que não vamos votar um relatório e pedir a punição dos responsáveis pela perda de mais de 600 mil vidas. A gente vai ter que chegar em um consenso. Eu não te digo que hoje teríamos clima para discutir alguma coisa, eu pessoalmente não tenho clima para discutir isso”, afirmou.

Aziz ainda disse que, na sexta-feira, os senadores tiveram uma reunião após a sessão que fez a convocação das pessoas que serão ouvidas nesta segunda e terça-feira e lembrou que alguns senadores tinham se posicionado sobre a necessidade de apontar o crime de genocídio contra o presidente Bolsonaro. “O senador Renan estava presente na reunião e o que ficou acordado que nós teríamos uma reunião hoje, ao final da sessão, e depois da sessão chegaríamos um acordo para a votação do relatório, ia haver divergências, ia, mas unificado, e não a imposição de um relatório achando que alguém é o dono da verdade a essa altura do campeonato”.

Já o relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse que Bolsonaro continuará sendo indiciado por 11 crimes no relatório final da comissão. Ele confirmou ainda que apesar das mudanças de datas da leitura e votação do documento os tipos penais atribuídos ao presidente serão mantidos ‘porque ele deixou de cumprir o seu dever para evitar mortes evitáveis”, disse em entrevista à CNN.

“Os juristas são quase unânimes em aceitar essa escolha desse tipo penal, está caracterizado o homicídio. O crime de endemia também está, a comissão é uníssona nisso”, completou.

O senador também afirmou que os filhos do presidente Jair Bolsonaro serão citados no relatório final, caso do senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ),  por haver indícios de que ele teria compartilhado fake news e incorrido em advocacia administrativa ao levar Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, a uma reunião no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Este é mais um ponto dissonante entre o relator e os membros da cúpula da CPI.

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