Política

Vaza Jato: Governo confirma à ONU que PF não viu crimes de Glenn Greenwald

Na época dos vazamentos que envolvem o ex-juiz Sergio Moro, o presidente Bolsonaro disse que o jornalista ‘pegaria cana’ pela conduta

O jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept Brasil. Foto: Laycer Thomaz/Câmara dos Deputados
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Em uma carta confidencial à relatoria do ONU, representantes do governo Bolsonaro afirmam que a Polícia Federal não encontrou crimes na atuação do jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, no caso da “Vaza Jato”. O documento é uma resposta à cobrança de dois relatores internacionais, devido aos ataques sofridos pelo jornalista desde que o caso veio à tona. As informações são do colunista Jamil Chade, do UOL.

O jornalista esteve à frente das publicações, via The Intercept, de conversas e trocas de mensagens entre procuradores e o ex-juiz Sergio Moro que, na época, conduzia as investigações da operação Lava Jato. A divulgação, conhecida como Vaza Jato, teve início em junho de 2019 e indicou parcialidade do então juiz Sergio Moro nas fases da investigação e junto a procuradores da operação, como Deltan Dallagnol.

Na época, o presidente Bolsonaro subiu o tom contra o  jornalista e afirmou que ele “pegaria cana” por seus atos. Ainda o chamou de “malandro” por ter adotado filhos brasileiros e sugeriu que Glenn tinha casado com um cidadão brasileiro – o deputado federal David Miranda – para evitar a deportação.

Ainda de acordo com a coluna, no dia 7 de abril, o governo também respondeu a um pedido de esclarecimentos feito pela ONU. No texto, relata como a PF abriu um inquérito para investigar a prática de “crimes cibernéticos por grupo suspeito de ter obtido ilicitamente informações pessoais alheias” e afirma que, nesse processo, chegou ao repasse de informações ao jornalista Glenn Greenwald.

A carta reconhece que a Polícia Federal não viu crimes na conduta do jornalista, mas faz questão de negar a versão de que Glenn teria sofrido pressão ou violação de seus direitos. “No âmbito das investigações policiais, não se tem notícias de nenhum ato ou procedimento que caracterize, ainda que em tese, qualquer violação a direitos do jornalista Glenn Greenwald, incluindo-se cerceamento a sua liberdade de expressão ou ao exercício da atividade jornalística”, diz um trecho da carta. Ainda de acordo com o governo, a PF continua investigando as ameaças virtuais contra o jornalista.

Procurado pela coluna, o jornalista Glenn Greenwald declarou que “a carta deixa claro que a Polícia Federal, após uma investigação abrangente, concluiu que não havia evidências nenhumas de que eu ou alguém da Intercept Brasil estivemos envolvidos em qualquer tipo de irregularidade”. O jornalista ainda condena e chama de “abusiva” a denúncia feita pelo Ministério Público Federal, por associação criminosa, interceptação de comunicações e invasão de dispositivo informático e, por ora, rejeitada pela Justiça Federal.

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