Economia

‘Vamos trabalhar com o novo governo da melhor maneira possível’, diz Roberto Campos Neto

Presidente do BC, que participa de evento em Madri, avalia que país está dividido e que é preciso fazer a economia crescer, manter o combate à inflação e priorizar a agenda da digitalização

Cédula de 200 reais
O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto. Foto: Raphael Ribeiro/BCB Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no lançamento da nova nota de R$ 200,00. Foto: Raphael Ribeiro/BCB
Apoie Siga-nos no

O Banco Central está disposto a trabalhar com o próximo governo para combater a inflação e fazer o país crescer de forma sustentável, afirmou Roberto Campos Neto, presidente da instituição, ao ser questionado nesta quinta-feira sobre as implicações do resultado da eleição na economia.

Campos Neto participou do painel “Caminhos para o crescimento em uma economia em mudança”, durante a Conferência Bancária Internacional do Santander, realizada em Madri, que na edição deste ano tem como tema central “Crescimento em um mundo fragmentado”.

— Geralmente os bancos centrais não falam muito sobre política, mas acho que a implicação é que, como podemos ver, o país está muito dividido. (…) Nossa principal função agora é seguir em frente. Acho que temos uma luta importante contra a inflação. Precisamos encontrar um caminho para o país crescer de forma sustentável e o mais importante para essas coisas para nós, agora, é continuar a agenda de digitalização. Vamos trabalhar com o novo governo da melhor maneira possível para que possamos alcançar essas coisas — frisou Campos Neto, ao ressaltar a importância da autonomia do Banco Central para condução da política monetária.

Combate à inflação

Questionado sobre a decisão de subir de forma rápida e elevada a Selic, taxa básica de juros na economia ainda no ano passado, Campos Neto afirmou que a interpretação do Banco Central brasileiro sobre o processo de inflação global foi “um pouco diferente” dos demais bancos centrais.

Segundo ele, o Brasil conviveu com inflação elevada por muito tempo e possui uma memória dos tempos de indexação, o que gera uma preocupação com o movimento de alta dos preços.

Ele citou ainda o período da crise econômica de 2015, em que a inflação chegou a dois dígitos e o país entrou em recessão:

— Para nós ficou muito claro que não podíamos correr esse risco — disse. — Portanto, precisávamos começar a subir rapidamente. Vimos a inflação de alimentos subir primeiro aqui, junto com problemas climáticos com a escassez de chuvas e crise hídrica.

Apesar de reafirmar a importância do movimento de aperto monetário, Campos Neto ponderou que o ajuste da taxa de juros é sempre um desafio: se subir demais a taxa, desequilibra as expectativas, perde-se a âncora fiscal e a batalha contra a alta dos preços. E, se ajusta pouco, perde credibilidade e leva ao segundo erro de ter que subir demais os juros para compensar o primeiro.

— Você está sempre navegando entre esses dois desafios. (…) É difícil julgar isso no brasil, mas o que importa é que paramos de importar inflação.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo