Política

Há excessos e bobagens na desconstrução de Marina

Numerar as incoerências de Marina é necessário. Muitas das críticas que o PT vêm fazendo, contudo, lembram o que de pior o partido já sofreu. Por Sérgio Lírio

A candidata do PSB durante visita a creche em São Paulo
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Campanhas políticas infelizmente costumam descambar para acusações insanas e baixarias inomináveis. Lula e o PT têm sido alvos preferenciais desde sempre. O partido deveria portanto ser mais cuidadoso na hora de avançar contra adversários. Uma coisa é o debate de ideias transparente. Apontar os riscos da proposta de independência do Banco Central ou da falta de visão estratégica do programa de Marina Silva em relação ao pré-sal é não só útil como necessário. Numerar as incoerências da candidata, sua metamorfose em vários temas, entre eles o recuo na crítica à Lei da Anistia, e nomear seus apoios medievais, de Silas Malafaia ao Clube Militar, é igualmente importante. Faz parte da discussão central da eleição em curso. Compará-la a Jânio Quadros e Fernando Collor (hoje aliado do governo), nem tanto.

E mais: Neca Setúbal, conselheira de Marina, tem sido apresentada como banqueira (seria um crime?). A senhora de sobrenome Setúbal é uma das herdeiras do Itaú, mas nunca trabalhou no conglomerado. Sua história está ligada à educação e, nesta área, é respeitada nacionalmente.

No debate econômico, muita gente, inclusive a presidenta Dilma Rousseff, confunde a independência do BC abraçada por Marina, muito mais radical, com autonomia, que o banco possui desde os tempos de FHC. No poder, o PT não só manteve esta autonomia como a aprofundou. Depois de lançar a Carta aos Brasileiros, Lula escolheu Henrique Meirelles, eleito senador pelo PSDB, para presidir o BC e ofereceu-lhe mais tarde o status de ministro. Dilma seguiu na mesma linha com Alexandre Tombini. A taxa de juros no Brasil está em 11%, uma das mais altas do mundo. Há um consenso nos meios acadêmicos a respeito da necessidade de autonomia técnica do BC, o que não se confunde com a ideia de torna-lo um bunker de interesses privados.

Marina dá palestras e cobra por elas a exemplo de Lula, Fernando Henrique Cardoso e outros tantos políticos, jornalistas e celebridades. Figura de renome internacional, a ambientalista reúne os requisitos para atuar nessa rentável área. Paga quem quer.

Se, além de vencer a eleição, o objetivo é elevar o nível da discussão política, certos ataques deveriam ser evitados e as diferenças poderiam ser demonstradas de forma mais inteligente.

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