Política
Universalização do saneamento só vem com aumento de investimento em 24 dos 27 estados
Desafios para o setor são grandes mesmo após a pressão para aprovação do novo Marco do Saneamento, que prometeu investimentos maciços


A universalização do acesso ao saneamento básico no Brasil, uma das principais metas inseridas no debate do Marco Legal do Saneamento, só será realidade com uma mudança completa no cenário dos investimentos no setor: um investimento médio de 34,7 bilhões de reais nos próximos 15 anos, mais de duas vezes maior do que é feito atualmente.
A conclusão aparece no estudo “Cenário para Investimentos em Saneamento Básico no Brasil após a aprovação do Marco Legal”, feito pelo Instituto Trata Brasil e publicado nesta quarta-feira 25.
Segundo as estimativas do instituto, só três unidades da federação podem manter o nível atual de investimentos para bater a meta na próxima década. Os outros 24 estados devem aumentar o que é feito a fim de se alcançar o patamar estipulado.
A Região Norte é a que apresenta os maiores desafios para o setor, mas as mudanças estruturais na Região Sudeste é que devem custar mais dinheiro, conforme mostra a tabela abaixo.
(Fonte: Instituto Trata Brasil)
Mesmo antes do Marco Legal, a Trato Brasil afirma que as metas estipuladas pelo Plano Nacional de Saneamento Básico não vinham sendo atingidas. Em 2014, ano com o maior investimento total em água e esgoto, foram 14,2 bilhões de reais empenhados na meta – mas o montante era 57% do necessário, segundo as diretrizes do Plano. De lá para cá, só houve precarização.
“Amazonas, Paraíba e Espírito Santo têm cerca de 4 milhões habitantes cada um. O estado do Espírito Santo investiu 1,4 bilhão de reais em cinco anos (2014 -2018), o que é 228% maior do valor de 630 milhões de reais investido pela Paraíba e 361% maior do que o valor investido pela Amazonas de 396 milhões no mesmo período”, detalha o documento.
“O nível de investimento em abastecimento de água no ano de 2018 foi de 5,7 bilhões, 7,1% inferior ao investimento em 2014. No mesmo período, o investimento em abastecimento de esgoto regrediu 30,9%.”, afirma o relatório. Leia o estudo completo.
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