Política

Uma em cada nove pessoas no mundo passa fome, diz ONU

Brasil está entre os 51 países mais expostos a extremos climáticos e, portanto, mais suscetíveis ao aumento de casos de desnutrição

Antes de voltar a subir, nível mundial de fome vinha recuando há cerca de uma década
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O número de pessoas afetadas por desnutrição mundo afora aumentou pelo terceiro ano consecutivo em 2017, retrocedendo a níveis de uma década atrás, aponta um relatório publicado por agências da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira 11. Um total de 821 milhões de pessoas, ou uma em cada nove no planeta, não tem o suficiente para comer. Em 2016, 804 milhões de pessoas estavam nessa situação.

Mundo afora, quase 151 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade sofreram de desnutrição no ano passado, ou 22% das crianças no mundo. Ao mesmo tempo, 672 milhões de adultos no mundo – um em cada oito – estão obesos, ante 600 milhões em 2014. 

No Brasil, a situação é considerada estável nos últimos anos, e o problema atinge hoje 2,5% da população. De 2004 a 2006, a taxa registrada foi de 4,6%. Ao mesmo tempo, aumentou a percentagem de adultos obesos no país, de 19,9% em 2012 para 22,3% em 2018.

De acordo com a ONU, mudanças climáticas e a ocorrência de conflitos impulsionam o retrocesso. A maior variabilidade nas temperaturas usuais, chuvas intensas e mudanças no padrão das estações impactam a quantidade e a qualidade de comida disponível e afetam principalmente os mais pobres. 

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O Brasil, por exemplo, registrou nos últimos anos várias ocorrências de temperaturas extremas em áreas destinadas à agricultura e estiagens mais frequentes. O país está entre os 51 listados no relatório da ONU como mais expostos a extremos climáticos em 2017, e, portanto, mais suscetível ao aumento de casos de desnutrição.

A situação tem piorado principalmente na América do Sul e na maior parte da África, enquanto, na Ásia, a situação é estável na maioria das regiões. A Ásia tem o maior número de pessoas desnutridas no mundo – de 515 milhões – devido ao tamanho de sua população.

Em termos relativos, o leste da África é a região mais afetada, com 31,4% da população classificada como desnutrida. Na América do Sul, 5% das pessoas se enquadram na categoria.

Na América do Sul, a ONU apontou a queda no preço de commodities, como o petróleo, como o provável motivo das maiores taxas de desnutrição, já que houve menos recursos disponíveis para importação de comida e investimentos na economia. A falta de alimentos levou cerca de 2,3 milhões de pessoas a fugir da Venezuela até junho, afirmou a ONU.

O relatório foi publicado conjuntamente pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

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