Política
Twitter bloqueia conta de emissora iraniana HispanTV
Canal crítico à política externa dos Estados Unidos acusa empresa americana de censura, em meio a tensões por assassinato de general
A rede social americana Twitter bloqueou a conta da emissora iraniana HispanTV, canal em língua espanhola com transmissão ao vivo na internet. O veículo, ligado ao governo iraniano, tem linha editorial crítica à política externa dos Estados Unidos.
A suspensão ocorre dias após o presidente americano Donald Trump ordenar um bombardeio no aeroporto de Bagdá, capital do Iraque, ato que resultou na morte do general iraniano Qassem Soleimani. O militar comandava a força de elite Quds da Guarda Revolucionária do Irã.
Nos últimos dias, o noticiário tem publicado homenagens ao general, como um texto de opinião, escrito pelo jornalista Pablo Jofré Leal, com o título “O general Qassem Soleimani: um homem imprescindível”. No programa “Etiquetaje”, a emissora classificou o assassinato do militar como “terrorismo” dos Estados Unidos.
Em nota publicada nesta terça-feira 7, a emissora HispanTV acusou o Twitter de censura. Segundo o canal, o Twitter apenas justificou que houve violações de suas regras, mas não ofereceu mais detalhes. O veículo também atribui a medida à recente elevação das tensões entre Washington e Teerã.
A emissora também se queixa de bloqueios do Twitter enquanto autoridades americanas publicam, na mesma rede social, uma série de ameaças bélicas contra o Irã. No domingo 5, o presidente norte-americano Donald Trump chegou a prometer, em uma publicação, um ataque “desproporcional” contra o Irã, em caso de retaliação. O presidente americano também falou que tem, em sua mira, 52 localidades no território persa.
These Media Posts will serve as notification to the United States Congress that should Iran strike any U.S. person or target, the United States will quickly & fully strike back, & perhaps in a disproportionate manner. Such legal notice is not required, but is given nevertheless!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 5, 2020
“Devido a esta nova restrição, o veículo não pode, no momento, publicar novos conteúdos”, diz a emissora. “A plataforma Twitter, com sede em São Francisco (EUA), também tem eliminado, nos últimos dias, numerosas contas que publicavam conteúdos relacionados ao crime cometido, com total impunidade, pelos Estados Unidos.”
Não é a primeira vez que a emissora se queixa de censura na internet. Em abril de 2019, o canal publicou uma nota de protesto contra a empresa americana Google, por bloqueio em sua conta no YouTube. O veículo também relata censuras no YouTube e no Google Plus em agosto de 2018 e em meados de 2017. Na época, o canal acusou as redes sociais americanas de cercearem o direito à liberdade de expressão.
CartaCapital procurou a assessoria de imprensa do Twitter, mas ainda não obteve posicionamento da companhia.
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