Transição: Janones diz que Secom passará por ‘ressonância’ para apurar laços com o ‘gabinete do ódio’

O objetivo é descobrir se a Secom contribuiu com os atos do 7 de Setembro e se financiou veículos que disseminaram notícias falsas

Lula e André Janones. Foto: Ricardo Stuckert

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O deputado federal e integrante do grupo de transição de Comunicação Social, André Janones (Avante-MG), afirmou nesta quinta-feira 17 que a Secretaria de Comunicação do governo de Jair Bolsonaro (PL) passará por uma espécie de investigação para identificar uma suposta relação da pasta com o “Gabinete do Ódio“.

O principal motivo para a “ressonância” é rastrear se a Secom contribuiu com os atos antidemocráticos no dia 7 de setembro e se financiou veículos responsáveis pela disseminação de notícias falsas. Segundo o deputado, o objetivo do pente-fino é “desconstruir o discurso anticorrupção” do governo.

“Ontem a gente já teve acesso a uma série de contratos extremamente suspeitos. O presidente Lula usa a expressão ‘ressonância’ né? É fazer uma ressonância do gabinete do ódio”, diz Janones. “Ao que tudo indica, quem financia, quem estrutura o gabinete do ódio é a Secom. Estamos tendo acesso a uma série de dados, de contratos extremamente suspeitos, e a ideia é seguir o fio desse dinheiro para tentar chegar aos verdadeiros financiadores dos gabinetes”, completa.

Janones diz ainda ter recebido informações de que a Secom gastou cerca de R$ 4,7 milhões com a compra de bandeiras para os atos do 7 de Setembro. À época, funcionários do Planalto foram flagrados entregando bandeiras do Brasil aos manifestantes.

“[Que o governo comprou bandeiras] para os manifestantes eu não posso afirmar ainda. Mas que alguns milhões de dinheiro público foram destinados para compra de bandeiras, eu posso afirmar. O valor global [para compra de bandeiras] foi R$ 4,7 milhões. Essa é só a ponta do Iceberg”, declarou o parlamentar.

“Não são só aqueles sistemas de financiamentos privados de grandes empresários que financiaram o 7 de Setembro, que financia esses atos golpistas”, concluiu. “Estamos puxando o fio da meada agora, mas ao que tudo indica tem, sim, dinheiro público envolvido nesses atos, ainda que de forma indireta.”


Gabinete do Ódio é o nome dado a um grupo de assessores de Bolsonaro que atuariam no Palácio do Planalto e seriam coordenados pelo seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). O nome, utilizado pelo próprio grupo, segundo a Polícia Federal, foi escolhido por ter como principal forma de atuação a produção e divulgação de conteúdo de ataque a pessoas e instituições vistas como críticas do governo.

Após a publicação da reportagem, a Secom afirmou, em nota, que as declarações do deputado André Janones são fruto de “uma leitura rasa, seguida de uma interpretação insipiente do contrato” e informou que “todos os contratos celebrados no âmbito da SECOM são precedidos por procedimentos licitatórios e executados em estrita conformidade com a legislação em vigor”.

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