Política

Transferências via Pix para Bolsonaro incluem empresário e ex-ministro do TSE, mostra Coaf

Segundo o órgão, o ex-presidente recebeu 17,2 milhões de reais em transações pelo sistema instantâneo neste ano

Transferências via Pix para Bolsonaro incluem empresário e ex-ministro do TSE, mostra Coaf
Transferências via Pix para Bolsonaro incluem empresário e ex-ministro do TSE, mostra Coaf
O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Evaristo Sá/AFP
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Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu pagamentos entre 5 mil e 20 mil reais de 19 pessoas e empresas.

Na lista, estão o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral Admar Gonzaga Neto, o empresário Marcos Ermírio de Moraes, herdeiro do Grupo Votorantim, e o locutor de rodeios Cuiabano Lima, conforme detalhes revelados nesta sexta-feira 28 pelo jornal Folha de S.Paulo.

Segundo o Coaf, Bolsonaro recebeu 17,2 milhões de reais em transações via Pix neste ano. O crédito milionário se construiu em mais de 769 mil transações entre 1º de janeiro e 4 de julho. Ao todo, o ex-capitão movimentou no período quase 18,5 milhões de reais.

O órgão aponta que a movimentação “atípica” pode ter relação com uma campanha de doações organizada em junho por apoiadores. À época, aliados disseram nas redes sociais que o dinheiro seria usado para pagar multas.

De acordo com os dados do Coaf, Admar Gonzaga Neto transferiu 5 mil reais para a conta de Bolsonaro. À Folha, o ex-ministro do TSE disse ter enviado o dinheiro para “ajudá-lo a pagar a multa relacionada ao uso da máscara”.

“Lamentável é o vazamento de dados financeiros para a imprensa. Vocês obtiveram autorização judicial? Estamos vivenciando uma inquisição moderna”, reclamou.

Marcos Ermírio de Moraes também criticou a divulgação dos dados. “O que essa informação acrescenta na vida de nós brasileiros? Nada né, então bom fds [final de semana]”, escreveu em resposta ao jornal.

Em 29 de junho, Bolsonaro afirmou ter arrecadado recursos suficientes para bancar multas já aplicadas e eventuais novas punições. Ele não revelou, porém, o total obtido por meio da campanha.

“Foi algo espontâneo da população. O Pix nasceu no nosso governo. Já foi arrecadado o suficiente para pagar as atuais multas e a expectativa de outras multas. O valor vamos mostrar mais para frente”, disse o ex-presidente, no Rio de Janeiro.

O início do desenvolvimento do Pix, porém, ocorreu ainda durante o governo de Michel Temer (MDB), quando Ilan Goldfajn era presidente do Banco Central. A gestão de Roberto Campos Neto deu continuidade à agenda e o sistema foi lançado em novembro de 2020.

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