Política

Título de cidadão amazonense a Bolsonaro causa revolta: ‘É uma perversidade’

Um ato de repúdio em frente à Assembleia Legislativa do estado está marcado para esta sexta-feira 23

O presidente da República, Jair Bolsonaro. Foto: Alan Santos/PR
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Pessoas homenageadas pela Assembleia Legislativa do estado devolveram suas honrarias após parlamentares aprovarem a concessão do título de cidadão amazonense ao presidente Jair Bolsonaro. O título deve ser entregue na próxima sexta-feira 23.

Um dos agraciados que abriram mão do reconhecimento é o professor aposentado Menabarreto França, que, em 2003, recebeu uma medalha de honra ao mérito pelas contribuições ao estado. França atuou por 35 anos como professor de saúde coletiva na Universidade Federal do Amazonas.

“Isso é uma barbárie, uma perversidade. Seria a maior decepção da minha vida constar em uma mesma galeria junto desse indivíduo”, colocou. O professor condena a nomeação sobretudo no contexto da CPI da Covid. Um acordo entre a maioria dos integrantes aponta como presidente do colegiado o senador amazonense Omar Aziz (PSD), que não é opositor, mas crítico ao governo.

“Como imaginar que Bolsonaro seja condenado pelas questões da pandemia aqui no estado se o próprio Amazonas concede um título dessa natureza a ele?”, questionou França.

Em nota, o Movimento Sociais do Amazonas registrou o seu repúdio à ação, relembrando o colapso de oxigênio no estado que levou dezenas de pessoas à morte durante a pandemia. “O Brasil todo acompanhou a tragédia vivenciada pelos amazonenses, sem oxigênio, sem UTI, sendo tratados com remédios sem eficácia cientifica, sofrendo com o descaso do governo federal e provocando uma tragédia que poderia ter sido evitada”.

“Conceder esse título é uma afronta à sociedade amazonense, é desconsiderar o sofrimento de mais de doze mil famílias do Amazonas e de trezentas e setenta e duas mil famílias no Brasil todo”, completa o texto.

O projeto de lei aprovado na Aleam na última quarta-feira 20 é de autoria do deputado Delegado Péricles (PSL). “Os repasses que o governo federal tem feito aos municípios e capital são inquestionáveis. Podem ser afirmados por qualquer prefeito ou pelo próprio governador”, tentou justificar. O projeto foi aprovado por vinte dois votos a um. Houve uma abstenção e três deputados se ausentaram.

O deputado Dermilson Chagas (Podemos) questionou a concessão da honraria. “O que o Bolsonaro fez para ter direito ao título de cidadão amazonense? Na minha opinião, nada”, criticou.

“O mote dele aqui são os cargos para o Senado, deputado federal e possivelmente ao governo. Se ele não vier fazer política, já fará um favor ao Amazonas. Se ele não quiser empurrar hidroxicloroquina e ivermectina, já faz um favor para a gente. Se ele der paz para o Brasil, já estará fazendo um grande favor a todo o povo brasileiro que já teve um ente querido ceifado pelo coronavírus”, criticou o parlamentar, que ainda cobrou vacinas ao estado para evitar uma terceira onda da Covid-19.

Para a sexta-feira 23, dia em que Bolsonaro deve ir a Manaus receber a honraria, está marcado um ato de repúdio às 8h30, em frente à sede da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas.

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