Tiro no pé

O PT acomodou-se na relação com a mídia, deixando o caminho livre para a extrema-direita nas redes, alerta João Feres Júnior

Bolsonaro sabe como se comunicar com a sua base eleitoral – Imagem: Marcos Corrêa/PR

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O que mudou no jogo político um ano após Jair Bolsonaro deixar o poder? Na avaliação do cientista político João Feres Júnior, coordenador do Monitor da Extrema Direita e do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública da Uerj, o bolsonarismo não sofreu grandes abalos após o “Mito” ser desalojado do Palácio do Planalto ou mesmo depois de ficar inelegível, pois a espinha dorsal do movimento, a indústria de fake news, continua operando a todo vapor. Nesta entrevista à repórter Fabíola Mendonça, o especialista analisa o comportamento dos bolsonaristas no primeiro ano de Lula, faz críticas ao PT por não enfrentar a máquina da desinformação e discute o futuro da extrema-direita.

CartaCapital: Que análise o senhor faz do movimento bolsonarista ao término de 2023, um ano após a saída de Jair Bolsonaro da Presidência?
João Feres Júnior: O bolsonarismo continua forte e organizado, porque conseguiu preservar a sua estrutura de comunicação. Ele consegue, a partir de um centro, comunicar narrativas que passam para pessoas apoiadoras em toda a sociedade. A gente não sabe direito como isso funciona, inclusive a missão do meu trabalho é desvendar esse aspecto. Mas a difusão de fake news para essa base está tão forte quanto no período da campanha. A única diferença é que a central da desinformação, o “gabinete do ódio”, estava enraizada no Poder Executivo, mobilizando funcionários do aparato estatal. Isso foi desmontado, mas não feriu de morte esse sistema de comunicação. Ao contrário, eles conseguiram montar canais alternativos.

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1 comentário

CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 26 de dezembro de 2023 02h11
Os bolsonaristas raiz se parecem com aquele burro do moinho: de tanto andar em círculos, não consegue mais andar em linha reta. E essa acomodação do PT com a grande mídia não é de hoje, ou o mensalão não teria a repercussão que teve, o impeachment de Dilma não teria combustível, Lula não seria preso e o ex-capitão não seria eleito. Não esqueçamos que foi a mídia que elegeu Collor, com a manipulação do ultimo debate e com a repercussão das declarações catastrofistas de Mario Amato. Sou de uma época em que a maioria dos jornalistas era de esquerda hoje, é quase vergonhoso um jornalista assumir ser de esquerda.

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