Política

Tic tac? Relatório da PF sobre as joias cita tentativa de golpe em 2022

O inquérito sobre a conspiração de dois anos atrás está em vias de conclusão e chegará ao STF

Tic tac? Relatório da PF sobre as joias cita tentativa de golpe em 2022
Tic tac? Relatório da PF sobre as joias cita tentativa de golpe em 2022
Segredos de família. Cid filho (ao fundo) aceitou a delação para proteger Cid pai, amigão de Bolsonaro – Imagem: Marcos Corrêa/PR
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O relatório em que a Polícia Federal indicia Jair Bolsonaro (PL) por três crimes no caso das joias sauditas menciona cinco vezes uma “tentativa de golpe de Estado”. Contudo, a conspiração para impedir a posse de Lula (PT) em 2022 é alvo de outra investigação, que pode, em breve, gerar mais um indiciamento contra o ex-presidente.

No documento enviado ao Supremo Tribunal Federal, a PF enfatiza que a apuração sobre as joias trata de uma possível organização criminosa que tentava obter diversas vantagens, políticas e patrimoniais.

Um dos eixos dessa atuação seria, justamente, uma tentativa de golpe e de abolição violenta do Estado. Na lista também estão ataques virtuais a opositores, a instituições (como o STF) e às vacinas da Covid-19, além do uso da estrutura do Estado para assegurar as benesses pretendidas.

Em outro trecho do relatório, a PF cita diretamente a investigação sobre a trama de 2022. “Após o segundo turno das eleições presidenciais, frustrada a tentativa de golpe de Estado em curso naquele momento (conforme evidenciado nos autos da pet. 12.100/DF), o ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu sair do país com destino aos Estados Unidos.”

Diz a PF:

“Dentro de sua estratégia, o ex-presidente levou para o exterior quase a totalidade de seus recursos financeiros, que estavam disponíveis para imediata movimentação, transferindo 80% do montante depositado em contas bancários no Brasil para sua nova conta no Banco BB Américas sediada em Miami/FL. Além disso, determinou o envio, ao exterior, de bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras, para serem vendidos de forma escamoteada, longe do alcance das autoridades brasileiras”.

Ao vincular em três partes do relatório final a “tentativa de golpe de Estado” à descrição sobre a “estratégia” por trás da viagem e do envio das joias aos Estados Unidos, a Polícia Federal fornece indícios de que acredita haver uma conexão entre as investigações em curso. A se confirmar, trata-se de mais um péssimo sinal para o ex-presidente.

O inquérito a respeito da conspiração de 2022 está em vias de terminar, conforme demonstrou CartaCapital. Neste caso, a PF pode colar em Bolsonaro os crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Além disso, tende a lançar militares de alta patente no olho do furacão, mais ainda do que no escândalo da joias.

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