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‘Temos de procurar os erros da democracia’, diz Lula a líderes mundiais sobre ascensão da extrema-direita

Para o petista, é necessária uma autocrítica antes de tentar entender as ‘virtudes’ do extremismo

‘Temos de procurar os erros da democracia’, diz Lula a líderes mundiais sobre ascensão da extrema-direita
‘Temos de procurar os erros da democracia’, diz Lula a líderes mundiais sobre ascensão da extrema-direita
Lula discursando na 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nos Estados Unidos. Foto: Ricardo Stuckert/PR
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira 24, diante de líderes de outros países, ser necessário identificar os erros dos regimes democráticos para entender a ascensão do populismo de extrema-direita pelo mundo.

Em Nova York, onde participa da 80ª edição da Assembleia-Geral da ONU, o petista se reuniu com o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, e os presidentes Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia) e Yamandú Orsi (Uruguai) para organizar o encontro paralelo “Democracia Sempre”. Desta vez, os Estados Unidos ficaram de fora, em razão da guinada autoritária com Donald Trump.

“Antes de procurar a virtude do extremismo de direita, temos de procurar os erros que a democracia cometeu na relação com a sociedade civil. Como estamos exercendo a democracia em nossos países? Se a gente encontrar essas respostas, a gente volta a vencer a direita. Se não encontrar respostas, a gente volta a ser sufocado pelo negacionismo, pelo extremismo e pelo discurso fascista que estamos vendo agora”, bradou.

Os demais anfitriões do encontro também são ligados a partidos e movimentos de esquerda, e foram eleitos com bandeiras de oposição ao conservadorismo. O brasileiro, porém, reconhece que nem sempre o discurso se alinha à prática após as vitórias nas urnas.

“Muitas vezes a gente ganha as eleições com discurso de esquerda, e quando começa a governar, atende muito mais os interesses dos nossos inimigos que dos nossos amigos. Muitas vezes, governa dando resposta ao que a imprensa publica sobre nós, à cobrança do mercado, à necessidade de contentar o mercado, à necessidade de contentar os adversários. E, muitas vezes, nossos eleitores, que foram para a rua, que apanharam, foram achincalhados, são considerados por nós sectários e radicais. A gente começa a não dar atenção a eles. Esse é o fracasso da democracia.”

Lula repetiu o discurso de que, em sua juventude, afirmava com orgulho não gostar de política, conduta que hoje atribui a uma “pura ignorância”.

“A desgraça de quem não gosta de política é que é governado por quem gosta. E sem quem gosta, pensa diferente da gente, a gente nunca vai ter o governo que sonha ter.”

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