Política

Temer tenta minimizar danos às exportações de carne

A União Europeia ameaça suspender importações. O governo prometeu a embaixadores de países compradores fazer auditoria em frigoríficos

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O governo brasileiro tentou, neste domingo 19, limitar os danos às exportações brasileiras de carnes após a Polícia Federal (PF) ter desbaratado um esquema de venda do produto com data de validade vencida ou mesmo estragado. Michel Temer teve uma série de reuniões com ministros e com cerca de 40 embaixadores dos principais países importadores de carne brasileira para discutir medidas que amenizem os eventuais impactos negativos da operação Carne Fraca.

O Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador, fornecendo para mais de 150 países. A carne imprópria para consumo era destinada tanto ao mercado interno quanto à exportação.

Aos embaixadores dos países exportadores, entre eles EUA, China e nações europeias, Temer afirmou que o escândalo não significa que a carne brasileira ofereça riscos à saúde e reiterou a confiança do governo na qualidade do produto nacional. Segundo o presidente, o país tem 11 mil inspetores e apenas 33 estão sendo investigados. Das 4.837 unidades sujeitas a inspeção federal, apenas 21 são suspeitas de envolvimento em irregularidades. Os problemas descobertos são pontuais, afirmou.

“Quero fazer um comunicado de que decidimos acelerar o processo de auditoria nos estabelecimentos citados na investigação da Polícia Federal. Na verdade são 21 unidades no total, três dessas unidades foram suspensas, e todas as 21 serão colocada sob regime especial de fiscalização a ser conduzida por força tarefa do Ministério da Agricultura”, anunciou Temer.

UE ameaça com suspensão de importação
A União Europeia (UE) sinalizou que pode suspender as importações de carne bovina e de frango no país. Em entrevista ao jornal O Globo, o embaixador da UE no Brasil, João Gomes Cravinho, disse que esperava explicações satisfatórias do governo brasileiro neste domingo, durante a reunião com Temer.

Na sua conta no Twitter, Cravinho afirmou que a UE está “profundamente preocupada” com a possibilidade de carne estragada ter sido exportada para a Europa. Ele disse que a saúde do consumidor é primordial na União Europeia. “Só importamos quando há garantias de sólidos processos de certificação e controle”, afirmou.

Segundo a agenda divulgada pela Presidência da República, Temer se reuniu com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, às 14h. Em seguida, às 15h, estava prevista uma reunião de Temer e Maggi com o ministro da Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira, e com representantes de empresas e entidades frigoríficas. E às 17h, Temer se reuniu com embaixadores dos principais países importadores de carne brasileira para esclarecer eventuais dúvidas e dar garantias da qualidade. Ao fim da reunião, ele convidou os embaixadores para jantar numa churrascaria.

Escândalo em momento sensível
As reuniões aconteceram após a Operação Carne Fraca ter desarticulado uma organização criminosa liderada por fiscais agropecuários que emitiam certificados sanitários sem fiscalização, em troca de propina. Cerca de 30 empresas fornecedoras de grandes frigoríficos estão sendo investigadas. Além disso, 33 fiscais federais também estão sob investigação.

Segundo a PF, os frigoríficos envolvidos no esquema criminoso “maquiavam” carnes vencidas com ácido ascórbico e as reembalavam para conseguir vendê-las.

O caso surge num momento sensível, quando o Brasil e outros membros do Mercosul procuram um acordo de comércio com a União Europeia. Os Estados Unidos começaram a receber, no ano passado, importações de carne crua do Brasil.

Segundo informações do Ministério da Agricultura, em 2016, o Brasil exportou mais de 1 milhão de toneladas de carne bovina. Os principais destinos foram Hong Kong, Egito, China e Rússia. Também foram exportados cerca de 3,9 milhões de toneladas de carne de frango in natura, cujos principais compradores foram Arábia Saudita, China, Japão, Emirados Árabes Unidos e Hong Kong. No mesmo ano foram abatidas 42,3 milhões de cabeças de suínos para o mercado interno e externo.

Maggi defendeu o sistema de inspeção agropecuária brasileiro e disse que a fiscalização é “forte, robusta e séria”. Segundo ele, o ministério está tomando todas as providências sobre as denúncias levantadas pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, e não há motivos para a população ter receio de consumir carne.

“O que aconteceu foi desvio de alguns servidores, de algumas empresas, nós temos que discutir como foi que isso aconteceu. Mas eu posso garantir com toda tranquilidade: eu não deixarei de consumir e recomendo que você também não deixe porque não há risco nenhum”, afirmou à Agência Brasil.

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