Política

TCU podia ter agido antes, mas fez justiça ao absolver Dilma por Pasadena, diz advogado

Para que a ex-presidenta se desvincule por completo do episódio, terá de passar pela CVM, explica Walfrido Warde

TCU podia ter agido antes, mas fez justiça ao absolver Dilma por Pasadena, diz advogado
TCU podia ter agido antes, mas fez justiça ao absolver Dilma por Pasadena, diz advogado
Foto: Arquivo/Roberto Stuckert/2016
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A decisão do Tribunal de Contas da União de absolver a ex-presidenta Dilma Rousseff no caso da compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras faz justiça, embora com certa demora. A avaliação é do advogado Walfrido Warde, responsável pela defesa de Dilma nesse caso.

A ex-presidenta era integrante do Conselho de Administração da empresa em 2006, quando a negociação foi realizada.

Foram absolvidos ainda Claudio Luis da Silva Haddad, Fabio Colletti Barbosa e Gleuber Vieira. Thales Rezende de Miranda foi excluído do rol de responsáveis, segundo o acórdão do TCU.

O ministro-relator Vital do Rêgo sustentou que os membros do conselho não agiram com dolo ou má-fé. Ele destacou que “não cabe ao Conselho a administração cotidiana das empresas” e que “esta é responsabilidade da diretoria executiva”.

“Fiquei muito feliz com a decisão. Sustentei oralmente perante o Tribunal de Contas da União e, obviamente, recebo a decisão com muita alegria, mas ao mesmo tempo com sentimento de que se fez justiça, de que se decidiu de acordo com a realidade e com a verdade”, afirmou Warde em contato com CartaCapital.

Foram condenados os ex-diretores Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa, além do ex-presidente da companhia José Sérgio Gabrielli; dos ex-membros da comissão de negociadores Aurélio Oliveira Telles, Cezar de Souza Tavares, Luís Carlos Moreira da Silva e Rafael Mauro Comino; e dos ex-membros da diretoria executiva Almir Guilherme Barbassa, Guilherme de Oliveira Estrella, Ildo Luis Sauer e Renato de Souza Duque.

Ao longo dos anos, a aquisição da refinaria de Pasadena foi utilizada contra Dilma Rousseff por seus adversários. Questionado sobre a dimensão política do episódio e sobre o tempo que o TCU levou para chegar a uma conclusão, Walfrido Warde avalia que “a pressão política se estabelece sobre os homens da Justiça de maneira inexorável” e que “não há decisão jurídica que não seja temperada pela política”.

“O importante é que, objetivamente, o Direito estabeleça relações horizontais com a política, sobretudo na aplicação das regras. E o que aconteceu ontem foi isso. O TCU aplicou a lei e o fez cinco anos depois do problema deflagrado. Talvez o TCU pudesse ter feito antes, mas o mais importante é que fez”, acrescentou.

Para que Dilma se desvincule por completo das acusações relacionadas a Pasadena, explica o advogado, terá de enfrentar um julgamento na Comissão de Valores Mobiliários. Warde afirma que a tese de que a ex-presidenta “não teve cuidado na aprovação da compra” já se mostrava infundada, mas a decisão do TCU fortalece esse entendimento.

“Ainda falta a CVM julgar processo sancionatório em que se discute o mesmo assunto. Mas, com o advento da decisão do TCU, tudo fica melhor esclarecido, até para que o colegiado da CVM possa se pronunciar de maneira ainda mais objetiva sobre o caso”, completou o advogado.

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