Economia
Tarifa de 50% atinge países com os quais ‘não temos nos dado muito bem’, diz Trump
O magnata indicou o piso de 15% como tarifa básica


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou nesta quarta-feira 23 que não aplicará tarifas inferiores a 15%, enquanto as mais altas, de 50%, se destinarão a países com os quais nos norte-americanos “não se dão muito bem”.
O Brasil está na lista de alvos a receberam a taxa de 50%, embora tenha déficit na relação comercial com os Estados Unidos.
“Teremos uma tarifa simples e direta de algo entre 15% e 50%,” disse Trump, citado pela agência Bloomberg, em um evento sobre inteligência artificial em Washington. “Temos 50% porque não temos nos dado muito bem com esses países.”
Desde que anunciou o tarifaço contra o Brasil, o magnata dissemina desinformação sobre o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por liderar a tentativa de golpe de Estado em 2022. Segundo ele, há uma “caça às bruxas” e o julgamento sequer deveria ocorrer.
Trump desconhece — ou ignora — os elementos obtidos pela Polícia Federal que sustentam a denúncia da Procuradoria-Geral da República. Também finge não saber que o governo brasileiro não poderia, mesmo que desejasse, cancelar um julgamento no Supremo Tribunal Federal.
Mais cedo nesta quarta, o Brasil usou a principal reunião do Conselho Geral da Organização Mundial do Comércio para denunciar o uso crescente de tarifas comerciais como instrumento de pressão política por grandes potências.
Sem citar diretamente os Estados Unidos, a delegação brasileira condenou “tarifas arbitrárias” que desestabilizam o comércio global e ameaçam a soberania de países em desenvolvimento.
O discurso foi proferido pelo secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Philip Fox-Drummond Gough. “Estamos diante de uma perigosa erosão das normas que sustentam o comércio global. Tarifas estão sendo usadas de forma indiscriminada como instrumentos de coerção e ingerência nos assuntos internos de outros países.”
A nova taxa deve entrar em vigor em 1º de agosto. O Brasil, porém, trabalha por canais diplomáticos para demover a Casa Branca desse plano.
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