Tabata Amaral se envolve em disputa por comando do PSB em SP

Aliados da deputada dizem que eleição do diretório da capital foi ‘pouco democrática’

Foto: Will Shutter/Agência Câmara

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Enquanto é esperada a chegada do ex-governador Geraldo Alckmin no PSB, o diretório municipal em São Paulo passa por uma contenda entre “duas gerações”. A briga, que tem de um lado o vereador Eliseu Gabriel e, de outro, a deputada federal Tabata Amaral, envolveu uma eleição chamada de “fake” e foi parar na Justiça.

Filiado desde 2003, Gabriel perdeu o controle do diretório municipal em fevereiro, após cinco anos no comando, ao ver mais da metade dos antigos membros renunciarem — situação que, de acordo com o estatuto do partido, leva a uma dissolução automática do órgão. O diretório estadual então, seguindo o protocolo, nomeou uma comissão provisória para organizar novas eleições e dar o pontapé num processo de “renovação geracional” no partido. O novo órgão foi encabeçado por Renato de Andrade, próximo ao pré-candidato ao governo paulista, Márcio França.

Gabriel, no entanto, tinha convocado uma eleição quando seu diretório não estava mais vigente. Contestado pela comissão provisória, o congresso municipal acabou sendo realizado em 19 de fevereiro, no plenário da Câmara Municipal, sob uma liminar da Justiça. A votação foi encerrada com 252 votos e elegeu Chiquinho Pereira, presidente do Sindicato dos Padeiros e diretor da União Geral dos Trabalhadores (UGT), aliado de Gabriel, que ficou com a vice.

Aliados de Tabata alegam que o processo, além de ter uma série de irregularidades, foi pouco democrático, já que a maioria dos filiados do PSB na cidade não teria sido informada da realização do congresso. Já Gabriel afirma que cumpriu todos os requisitos necessários para a convocação do evento. A chapa eleita não foi reconhecida pelo diretório estadual, que tem à frente Jonas Donizette. Ainda consta no site da Justiça Eleitoral a formação da comissão provisória.

A ideia da cúpula do PSB era que Tabata e seu grupo estivessem inclusos na nova nominata, buscando preparar o terreno para o projeto da legenda de disputar a prefeitura de São Paulo em 2024. A deputada chegou ao partido no ano passado depois de ser escanteada no PDT, em razão de ter votado a favor da reforma da Previdência do governo federal, em 2019, e obter na Justiça o direito de se desfiliar sem perder o mandato. O grupo de Tabata diz que o diretório paulistano fazia parte das negociações para sua filiação, mas que a deputada nunca quis forçar sua candidatura.

O vereador critica o que chama de “imposição” do diretório estadual e uma “pressão” em favor de Tabata. Para ele, a deputada deveria ter se esforçado em dialogar com a base do PSB antes de ocupar um cargo como a presidência.


A questão da “falta de identificação” da deputada com a nova sigla também é destacada por aliados de Gabriel. Circulou em grupos de WhatsApp do PSB na semana passada uma nota, vinculada ao grupo de Chiquinho, criticando Tabata: “A julgar pela história pregressa da parlamentar, o que ela pretende é manter a política econômica liberal do (Paulo)Guedes, que gera fome, desemprego e morte, além de colocar o Brasil ladeira abaixo”. Posteriormente, o diretório estadual afirmou não reconhecer a validade da nota.

— A Tabata acha que ela tem que ser presidente de todo jeito. Ela deveria entrar mais devagar, conversando, entendendo como são as coisas. Ela não apresentou nenhuma chapa — afirma Gabriel.

Andrade, presidente em exercício, rebate o colega e diz que e critica o interesse dele em se manter no comando “a qualquer custo”.

— O diretório municipal já estava dissolvido. Foi solicitado que eu fizesse a transição para a nova executiva, e é isso que estou fazendo. O CNPJ está em meu nome, então não teria como o Eliseu (Gabriel) realizar um congresso — diz Andrade.

A nova eleição para a composição do diretório municipal do PSB em São Paulo deverá ser realizada em 2 de abril, de acordo com Andrade. Ele diz que tentará juntar os diferentes grupos numa só chapa, mas que, não sendo possível unir Tabata e Gabriel, “a melhor vai acabar vencendo”. Segundo ele, a geração mais velha precisa sair de cena para abrir espaço para a juventude pessebista. Procurada, Tabata não quis se manifestar.

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