Política

‘Sozinho’ na disputa pelo Planalto, União Brasil é cortejado em sete estados por siglas da terceira via

O partido é visto como aliado-chave para dar competitividade a candidatos aos governos estaduais que buscam se desvincular da polarização entre Lula e Bolsonaro

Luciano Bivar. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O União Brasil, que na disputa presidencial acaba de desembarcar do bloco da terceira via, é cortejado em sete estados por partidos como PSDB, MDB, PDT e Novo. Dono do maior fundo eleitoral neste ano, com cerca de R$ 900 milhões, a sigla é tida como aliado-chave para dar competitividade a candidatos aos governos estaduais que buscam se desvincular da polarização entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em Goiás e na Bahia, pré-candidatos do União a governador atraíram para suas chapas a maioria das siglas de terceira via, que agora disputam indicações nas vagas de vice e ao Senado. Já no Distrito Federal e em estados como Minas, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, ocorre o movimento inverso: lideranças de partidos não coligados a Lula ou Bolsonaro buscam apoio de candidatos do União.

Em Alagoas, numa construção que envolveu o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o União abrigou a pré-candidatura do senador Rodrigo Cunha ao governo estadual. Para assegurar a presença na aliança do PSDB, partido do qual Cunha se desfiliou, a deputada estadual Jó Pereira, prima de Lira, migrou para o partido. Jó Pereira é cotada como vice na chapa ao governo. Cunha também tem o apoio do PDT, do vice-prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa, que pode concorrer ao Senado.

Embora tenha o apoio de Lira, Cunha diz não fará uma campanha alinhada a Bolsonaro, tampouco a Lula — apoiado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), seu desafeto. O palanque bolsonarista deve ficar a cargo do senador Fernando Collor (PTB), que avalia disputar a reeleição ou tentar o governo.

Nos dois outros estados em que o União tem candidaturas já consolidadas ao governo, há tendência de apoio maciço das outras siglas que evitam a polarização nacional.

Em Goiás, o governador Ronaldo Caiado (União) concorre à reeleição numa aliança com o MDB, que deve indicar o vice na chapa; o PSD, que pode ficar com a vaga ao Senado; e ainda com apoios de Podemos e PDT, que esperam impulsionar seus candidatos ao Legislativo.

Na Bahia, o pré-candidato ACM Neto (União) encaminhou uma ampla aliança que inclui PDT, PSDB e Cidadania. Embora o MDB esteja na chapa de Jerônimo Rodrigues (PT), oponente de Neto, o pré-candidato do União já recebeu também declarações de apoio do emedebista Colbert Martins, prefeito de Feira de Santana, segundo maior colégio eleitoral baiano. Em outros quatro estados, pré-candidatos da terceira via tentam atrair o União, mas encontram entraves à formação de alianças mais amplas.

Em Minas, a base do governador Romeu Zema (Novo) inclui o partido, que espera indicar o vice em sua chapa, e também siglas como Podemos e PSDB. Embora o Novo tenha apontado que permitirá pela primeira vez coligações, aliados de Zema vêm apontando há meses problemas na articulação política da sigla, que fica a cargo do ex-secretário estadual de Governo Mateus Simões.

O PSDB, incentivado pelo deputado federal e ex-governador Aécio Neves, sinalizou na última semana um rompimento com Zema. O diretório tucano avalia lançar ao governo o ex-deputado Marcus Pestana, aliado de Aécio, e busca agora atrair o União, de olho nos recursos da sigla.

A cúpula mineira do União é próxima ainda ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), que antes de migrar para o PSD presidia o diretório estadual do partido. O PSD lançará o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil ao governo.

“Temos uma conversa adiantada com o governador Zema, que manifestou interesse de ter o União em sua chapa majoritária. Mas seguimos dialogando com outras forças”, afirmou o deputado Bilac Pinto (União-MG).

No Distrito Federal, o senador Reguffe (União) estuda concorrer ao governo, mas já foi sondado por outros pré-candidatos, os também senadores Izalci Lucas (PSDB) e Leila Barros (PDT), que buscam seu apoio para disputar o Executivo. Ambos acenam a Reguffe com a vaga para tentar a reeleição ao Senado, disputa considerada mais “aberta”. Nas pesquisas analisadas pelas campanhas, o atual governador Ibaneis Rocha (MDB) lidera a corrida pela reeleição, em um palanque alinhado a Bolsonaro.

No Sul, os obstáculos para uma aliança com o União envolvem espaço na chapa. O ex-governador catarinense Raimundo Colombo (PSD) foi lançado como postulante ao Executivo em um diálogo com o ex-prefeito de Florianópolis Gean Loureiro (União), que não abre mão de disputar o governo.

Na órbita do palanque de Loureiro, há ainda o MDB. No Rio Grande do Sul, o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) foi aconselhado por aliados a retornar à disputa eleitoral para unificar sua base, que tem ainda MDB e PSD. O União, por sua vez, também aliado a Leite, filiou o ex-prefeito de Porto Alegre José Fortunati para pleitear um cargo majoritário, e pode dividir ou deixar a base tucana caso não receba espaço.

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