O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse, nesta quarta-feira 27, estar “louco” para que todos os detalhes da delação premiada firmada pelo tenente-coronel Mauro Cid sejam revelados. Ele alega não ser possível pensar em eventuais punições aos militares apenas com trechos do depoimento do ex-ajudante de ordens.
“Nós agora estamos dependendo do que Cid disse a Alexandre de Moraes. Eu sou louco que isso apareça”, disse Múcio em entrevista ao canal CNN Brasil.
“Eu não tenho nada oficial para poder trabalhar”, reclamou. “Nós estamos precisando ter isso [detalhes da delação] para poder essas coisas todas serem esclarecidas”, completou.
A avaliação de Múcio ocorre pouco depois de vir a público um relato de Cid à Polícia Federal. Na delação, o militar afirmou que o ex-presidente Bolsonaro (PL) teria se reunido com a cúpula do Exército, Marinha e Aeronáutica, após o resultado das eleições, para discutir detalhes de um possível golpe de Estado.
Na ocasião, relatou Cid, apenas o almirante Almir Garnier, que chefiava a Marinha, teria topado embarcar na ruptura.
Sobre a posição dos ex-comandantes, Múcio reforçou que é preciso analisar a conduta ‘de forma individualizada’ e não como posição oficial das Forças. Ele tem feito um esforço em defesa dos militares desde que o caso veio à tona.
“Eu insisto que essas coisas foram individuais. As pessoas que participaram, no entorno do ex-presidente, eram da reserva — pelo menos os cabeças não tinham lideranças no Exército”, argumentou.
“Vocês reparem: Por que os comandantes quiseram todos sair antes do tempo? Dia 20 [de dezembro] queria todo mundo ir embora porque não aguentavam a pressão”, sustenta, ainda, o ministro.
“Alguns tinham um sonho de não querer sair, seduzidos pelo poder, gostaram do que estavam fazendo, mas não contavam com as Forças. Nenhuma das três Forças queriam participar de movimentos golpistas”, insistiu.
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