Política

Sobre canhões e votos

A “tropa” do PMDB na Câmara é mais perigosa para o governo do que os generais de pijama do Clube Militar

Carta Branca? Se houve, a recomendação de Temer é desnecessária. Foto: José Cruz/ABr
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O manifesto subscrito pela maioria da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados deve preocupar mais o governo do que a manifestação dos oficiais da reserva que receberam resposta do governo absolutamente desnecessária.

É simples explicar essa afirmação.

Militares, os generais especialmente, quando se retiram para a reserva, o capim cresce imediatamente na porta da casa deles. Aqueles que se aglutinam no Clube Militar, no Rio, formam um contingente de oficiais de pijama. Não têm canhões tampouco comando. Os bons militares, no fim da carreira, serão lembrados com saudade e com o respeito da caserna. E só.

A “tropa” peemedebista, no entanto, é mais perigosa. Embora também não controle canhões, tem posição importante na Câmara: 77 votos. Em tese, sob o controle de Michel Temer, vice-presidente da República, presidente licenciado do PMDB e a maior expressão política do partido.

O PMDB é o mais expressivo aliado na numerosa base do governo petista na Câmara. É, também, o mais problemático pela força que acumula e pela competição eleitoral com o PT com a maior bancada: 88 integrantes.

Em 2012, o mundo político gira em torno das eleições nos municípios.

Na prática, o tamanho expressivo da base do governo – 336 deputados aliados de um total de 531 – depende, de fato, do humor político desses parlamentares. Esse tipo de sentimento é indicado pela escala de interesses pessoais. Ela se sustenta, por exemplo, no fluxo da liberação de emendas no Orçamento que, contingenciadas, dependem do governo. As emendas são a mais importante ponte de ligação entre o político e a base eleitoral dele.

Há dias esse humor – mau humor, no caso – materializou-se em manifesto assinado pela maioria da bancada do PMDB. Posteriormente, no dia 6, integrantes desse grupo foram recebidos por Michel Temer no Palácio.

Michel Temer teria dado carta-branca para que o PMDB faça as alianças partidárias nas eleições municipais mais convenientes para o partido. Essa autorização, se houve, era desnecessária. Como ele poderia impor sacrifícios suicidas nos municípios que sempre foram a seiva de sustentação dos peemedebistas?

Uma forte estrutura municipal formada por prefeitos e vereadores ( tabela) sustenta as eleições municipais, que, por sua vez, oferecem suporte para a construção de grande número de deputados estaduais, os quais, em dobradinha, são a principal base de apoio para a formação da bancada na Câmara dos Deputados. Em 2010, após 20 anos, o PMDB deixou de ter a bancada majoritária. Superado exatamente pelo PT.

O foco da reação peemedebista, refletida em votações antigovernistas na Câmara, é a preeminência do PT em posições-chave no primeiro e segundo escalões da administração federal. O pano de fundo é a eleição.

Na presidência interina do partido, o senador Valdir Raupp não ocultou o problema ao anunciar, após a reunião com Temer: “O PMDB não cederá, em lugar nenhum, aos apelos do PT”. Reforçou a posição ao dizer que o partido só não terá candidato onde for impossível ter candidato.

Em razão de sua natureza, a disputa municipal é uma questão de vida ou morte para o partido. Até agora, o PMDB é o partido com mais pré-candidatos nas capitais, com 22, seguido pelo PT, com 20.

Como o governo é petista, Dilma e, em certas ocasiões, a própria direção do partido, têm imposto sacrifícios ao PT. Há muita indignação interna no Partido dos Trabalhadores quanto a isso. Mas a política – a maioria petista aprendeu após tomar o poder – é feita muito mais de compreensão do que de indignação. Mesmo que, eventualmente, seja preciso levar o lenço ao nariz, para não desistir do combate.

O manifesto subscrito pela maioria da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados deve preocupar mais o governo do que a manifestação dos oficiais da reserva que receberam resposta do governo absolutamente desnecessária.

É simples explicar essa afirmação.

Militares, os generais especialmente, quando se retiram para a reserva, o capim cresce imediatamente na porta da casa deles. Aqueles que se aglutinam no Clube Militar, no Rio, formam um contingente de oficiais de pijama. Não têm canhões tampouco comando. Os bons militares, no fim da carreira, serão lembrados com saudade e com o respeito da caserna. E só.

A “tropa” peemedebista, no entanto, é mais perigosa. Embora também não controle canhões, tem posição importante na Câmara: 77 votos. Em tese, sob o controle de Michel Temer, vice-presidente da República, presidente licenciado do PMDB e a maior expressão política do partido.

O PMDB é o mais expressivo aliado na numerosa base do governo petista na Câmara. É, também, o mais problemático pela força que acumula e pela competição eleitoral com o PT com a maior bancada: 88 integrantes.

Em 2012, o mundo político gira em torno das eleições nos municípios.

Na prática, o tamanho expressivo da base do governo – 336 deputados aliados de um total de 531 – depende, de fato, do humor político desses parlamentares. Esse tipo de sentimento é indicado pela escala de interesses pessoais. Ela se sustenta, por exemplo, no fluxo da liberação de emendas no Orçamento que, contingenciadas, dependem do governo. As emendas são a mais importante ponte de ligação entre o político e a base eleitoral dele.

Há dias esse humor – mau humor, no caso – materializou-se em manifesto assinado pela maioria da bancada do PMDB. Posteriormente, no dia 6, integrantes desse grupo foram recebidos por Michel Temer no Palácio.

Michel Temer teria dado carta-branca para que o PMDB faça as alianças partidárias nas eleições municipais mais convenientes para o partido. Essa autorização, se houve, era desnecessária. Como ele poderia impor sacrifícios suicidas nos municípios que sempre foram a seiva de sustentação dos peemedebistas?

Uma forte estrutura municipal formada por prefeitos e vereadores ( tabela) sustenta as eleições municipais, que, por sua vez, oferecem suporte para a construção de grande número de deputados estaduais, os quais, em dobradinha, são a principal base de apoio para a formação da bancada na Câmara dos Deputados. Em 2010, após 20 anos, o PMDB deixou de ter a bancada majoritária. Superado exatamente pelo PT.

O foco da reação peemedebista, refletida em votações antigovernistas na Câmara, é a preeminência do PT em posições-chave no primeiro e segundo escalões da administração federal. O pano de fundo é a eleição.

Na presidência interina do partido, o senador Valdir Raupp não ocultou o problema ao anunciar, após a reunião com Temer: “O PMDB não cederá, em lugar nenhum, aos apelos do PT”. Reforçou a posição ao dizer que o partido só não terá candidato onde for impossível ter candidato.

Em razão de sua natureza, a disputa municipal é uma questão de vida ou morte para o partido. Até agora, o PMDB é o partido com mais pré-candidatos nas capitais, com 22, seguido pelo PT, com 20.

Como o governo é petista, Dilma e, em certas ocasiões, a própria direção do partido, têm imposto sacrifícios ao PT. Há muita indignação interna no Partido dos Trabalhadores quanto a isso. Mas a política – a maioria petista aprendeu após tomar o poder – é feita muito mais de compreensão do que de indignação. Mesmo que, eventualmente, seja preciso levar o lenço ao nariz, para não desistir do combate.

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