Política

Cidades mineiras pedem socorro por risco de faltar oxigênio e ‘kit intubação’

Um hospital de Belo Horizonte e ao menos 13 prefeituras já registram desabastecimento ou escassez; em meio à crise, Zema defende ‘kit covid’

Paciente sendo intubado (Foto: iStock Photo)
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A Associação Mineira de Municípios, que representa as 853 cidades de Minas Gerais, encaminhou dois pedidos de socorro, um ao governo federal e outro ao Congresso Nacional, para que sejam tomadas providências contra o iminente fim de oxigênio e medicamentos, além do colapso de leitos.

O governador Romeu Zema (Novo) admitiu o risco de desabastecimento de oxigênio — especialmente nas pequenas cidades, que dependem de cilindros e estão reféns de uma complexa logística de distribuição. A crise atinge também a capital Belo Horizonte — o Complexo Hospitalar São Francisco está com baixo estoque de anestésicos e anticoagulantes.

“É inaceitável assistirmos brasileiros e brasileiras em total desespero e morrendo por afogamento no seco ou que, conscientes, fiquem em deplorável situação de intubação em, muitas vezes, interminável permanência hospitalar”, diz a nota da AMM.

No apelo endereçado ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a instituição pede que sejam priorizadas a liberação de emendas parlamentares destinadas aos fundos municipais de saúde.

Já ao governo federal e Ministério da Saúde, os prefeitos ratificaram o estado de “extrema emergência” e pediram “soluções imediatas para suprir essas carências”, reforçando a necessidade de adquirir insumos e medicamentos e enviá-los aos municípios.

Ao menos 13 prefeituras mineiras registraram desabastecimento ou escassez. Na última quarta-feira 17, a Associação Mineira da Área da Sudene solicitou ao governador Romeu Zema imediato suporte para as cidades Bocaiuva, Brasília de Minas, Coração de Jesus, Espinosa, Jaíba, Janaúba, Januária, Montes Claros, Pirapora, Salinas, Taiobeiras e Varzelândia.

A associação também pediu ajuda a distribuidoras de oxigênio. Mas, de acordo com eles, as empresas que atuam na região norte do estado “alegaram não conseguir atender nenhuma demanda nova”.

“O fornecedor do produto já não nos atende com a carga semanal que precisamos para o nosso hospital”, declarou na última quinta (17) o prefeito Anastácio Guedes, prefeito da cidade de Manga, a 700 quilômetros de Belo Horizonte. “Infelizmente, Manga já sente a falta de oxigênio.”

Minas Gerais registrou neste domingo 21 o quinto recorde seguido na média móvel de mortes, com quase 194 óbitos por dia. A última semana foi classificada como a mais letal desde o início da pandemia com 1.357 óbitos, um aumento de 42% em relação à semana anterior.

Zema defende ‘kit Covid’

Em meio à essa crise, o governador Zema deu uma declaração em favor do chamado ‘tratamento precoce’, que consiste em um kit de medicamentos sem eficácia comprovada ou comprovadamente ineficazes contra a Covid-19.

“Entre o início da pandemia, que foi aproximadamente abril aqui em Minas e agosto, nós tivemos uma melhoria muito grande no que diz respeito ao tempo que as pessoas ficavam internadas por causa do tratamento precoce”, afirmou o governador em entrevista à jornalista Leda Nagle no YouTube. “Então ele ajuda muito a evitar que a pessoas seja internada e mesmo quando internada que ela tenha uma alta com mais rapidez.”

Aliado de Jair de Bolsonaro, “garoto propaganda” da cloroquina e ivermectina, Além de não ter nenhuma comprovação de eficácia contra Covid, os medicamentos podem levar a doenças renais e até a óbito. A Organização Mundial da Saúde já se posicionou contra o uso desses remédios contra o coronavírus.

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