Política

Sob críticas, Lula participa de cerimônia de retorno do manto Tupinambá ao Brasil

Os indígenas criticaram o fato de não terem participado do momento da chegada do artefato ao País, que aconteceu em 11 de julho

Sob críticas, Lula participa de cerimônia de retorno do manto Tupinambá ao Brasil
Sob críticas, Lula participa de cerimônia de retorno do manto Tupinambá ao Brasil
Presidente Lula (PT) durante a cerimônia de celebração do retorno do Manto Tupinambá ao Brasil, no Museu Nacional. Foto: Ricardo Stuckert/PR
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O presidente Lula (PT) participou, nesta quinta-feira 12, no Rio de Janeiro, de uma cerimônia de celebração do retorno do manto sagrado Tupinambá ao Brasil.

O artefato retornou ao País no dia 11 de julho , sob sigilo, e se encontra no Museu Nacional do Rio de Janeiro. O manto foi retirado do país no período colonial e estava na Dinamarca desde o século 17, no ano de 1689.

A possibilidade de o manto retornar ao Brasil foi ventilada em 2022, quando o embaixador do Brasil estava na Dinamarca e perguntou se o Museu Nacional do Rio de Janeiro teria interesse em receber a peça. A partir de então, a Embaixada do Brasil na Dinamarca, o Museu Nacional e lideranças Tupinambá da Serra do Padeiro e de Olivença articularam o processo de devolução.

O retorno do artefato, no entanto, gerou controvérsias. Em abril deste ano, o Ministério dos Povos Originários esteve no território tupinambá, em Olivença (BA), para conversar com os indígenas sobre o manto e a relação que eles têm com o artefato. O objetivo era viabilizar o contato deles com a peça. No entanto, os indígenas, que esperavam ter acompanhado o retorno do manto – considerado por eles um ancião – afirmam não terem sido informados oficialmente do seu retorno.

Durante a cerimônia, a anciã Yakuy Tupinambá criticou, ao ler um manifesto, a falta de transparência no processo de repatriação e acesso ao manto; também fez reivindicações quanto à demarcação de terras indígenas.

“Reiteramos nossa insatisfação com a postura colonizadora personificada pelo Estado brasileiro, através das autarquias representativas que mais uma vez dilaceram nossos direitos originários e, muito mais que isso, fere profundamente o que mais prezamos: a nossa crença e a nossa fé”, disse a indígena.

Em seu discurso, a ministra dos Povos Originários, Sonia Guajajara, disse que os povos indígenas estão inseridos em um processo de ‘descolonização’, e que a descolonização das estruturas de poder e das narrativas históricas estão no início, mas agradeceu ao presidente Lula (PT) por permitir a participação dos povos indígenas na composição do governo.

“Esse retorno [do manto ] é significativo, pois marca o compromisso de olhar para um passado colonial de forma crítica, visibilizando também a atuação política dos povos indígenas, e de construir um futuro de justiça, dignidade e de respeito”, declarou.

O presidente Lula (PT) iniciou seu discurso lamentando a morte de milhões de indígenas escravizados por colonizadores europeus. Também enfatizou que o manto indígena não deve ficar no Rio de Janeiro, e sim ser alocado na Bahia.

“O lugar dele não é aqui. Tenho certeza que vamos ter a compreensão do governador da Bahia. Ele tem a obrigação e um compromisso histórico de construir um lugar que possa receber esse manto e preservá-lo”, declarou em menção direta ao governador Jerônimo Rodrigues (PT).

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