Política

Sessão da Câmara com Haddad termina em bate-boca: ‘Molecagem’

A confusão começou quando o ministro criticou deputados bolsonaristas, que fizeram perguntas e acusações, mas não ficaram na reunião para ouvir respostas

Sessão da Câmara com Haddad termina em bate-boca: ‘Molecagem’
Sessão da Câmara com Haddad termina em bate-boca: ‘Molecagem’
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante audiência pública conjunta, promovida pelas comissões de Finanças e Tributação e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados. Foto: Lula Marques/Agência Brasil
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Uma audiência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara terminou em bate-boca entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e deputados bolsonaristas. A sessão, realizada nesta terça-feira 11, foi encerrada após a confusão.

Haddad foi ao colegiado prestar esclarecimentos sobre duas propostas anunciadas recentemente pela equipe econômica: o projeto de isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que recebem até 5 mil reais e o novo crédito consignado com garantia do FGTS.

O chefe da Fazenda também foi questionado sobre a situação fiscal do Pais, à luz do decreto que trata de mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras, o IOF. A presença do ministro atendeu a convites dos deputados Pedro Paulo (PSD-RJ) e Kim Kataguiri (União-SP).

A confusão começou depois que Nikolas Ferreira (MG) e Carlos Jordy (RJ), ambos do PL, fizeram perguntas provocativas ao ministro sobre uma suposta “gastança” do governo Lula, mas deixaram a reunião antes de ouvir suas respostas.

Ao respondê-los, Haddad criticou a ausência dos parlamentares. “Nikolas sumiu, [perguntou] só para aparecer. Tenha maturidade…corre daqui e não quer ouvir explicação, quer ficar com o argumento dele. Não quer dar chance de o diálogo fazer ele mudar de ideia”.

Segundo o ministro, a atitude não é boa para a democracia. “Esse tipo de atitude é de alguém que quer aparecer na rede e some. É um pouco de molecagem, e isso não é bom para a democracia”, pontuou Haddad.

Jordy, que havia deixado a comissão, retornou à audiência após ser avisado das declarações por aliados. “Moleque é você, ministro, por ter aceitado um cargo dessa magnitude e só ter feito dois meses de [faculdade] economia”. O parlamentar disse ter saído para acompanhar uma sessão em outro colegiado.

No comando da audiência pública, o deputado Rogério Correia (PT-MG) tentou retomar os trabalhos e pediu ordem no plenário por algumas vezes.  Sem acordo, optou por encerrar a sessão antes que todos os oradores pudessem falar.

A confusão durou mais de 40 minutos. Assista:

Antes da discussão, Haddad rebateu as acusações dos bolsonaristas e afirmou que “política fiscal responsável não se faz com calote”. Ele fazia referência à gestão de Jair Bolsonaro (PL), que, de acordo com o ministro, registrou saldo positivo de 54 bilhões em 2022 às custas de “manobras no orçamento”.

Na saída da reunião, o chefe da Fazenda disse a jornalistas que os deputados citaram dados errados sobre a economia e deixaram a sala antes de ouvir as respostas.

“Toda vez um deputado, pensando em suas redes sociais, desrespeita um ministro – e isso aconteceu com a Marina [Silva]. Faz a pergunta, fala o que quer, insinua coisas e simplesmente vai embora antes da reposta. Imagina se eu fizesse o oposto, se alguém fizesse uma pergunta e eu fosse embora sem responder?”, questionou.

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