Política
Servidores do Banco Central repudiam ‘uso eleitoral’ do Pix por Bolsonaro
O início do projeto é anterior ao mandato do ex-capitão, escreve Sindicato em nota. Greve dos trabalhadores terá continuidade


O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central repudiou o que chamou de “uso eleitoral do Pix”, em nota emitida nesta terça-feira 10, em meio a tentativas do presidente Jair Bolsonaro (PL) de ganhar créditos pela criação do sistema de transações financeiras.
A entidade declarou que “o início do projeto do Pix é bem anterior ao mandato do atual presidente da República” e citou uma portaria do Banco Central, publicada em maio de 2018, que instituiu um grupo de trabalho chamado “Pagamentos Instantâneos” a fim de “contribuir para a construção de um ecossistema de pagamentos instantâneos competitivo, eficiente, seguro e inclusivo”.
A organização enfatiza que não há referência ao Pix no programa político entregue por Bolsonaro em 2018 ao Tribunal Superior Eleitoral, nem manifestação de apoio ao projeto durante a sua campanha.
O Sindicato também menciona uma declaração do ex-capitão em outubro de 2020 que associou o Pix à aviação civil, “mostrando completo desconhecimento do assunto”.
Na sequência, a nota reivindica aos servidores federais os créditos pela criação da ferramenta.
“Faz-se necessário destacar a diferença entre políticas de Estado e medidas pontuais de governos. Desde a sua criação, o Banco Central do Brasil conta com servidores de alta qualificação, e isso permitiu que diversos projetos considerados importantes pela Diretoria do BC, segundo critérios técnicos, pudessem ser conduzidos independentemente da vontade ou contrariedade política de governantes de plantão”, escreve o Sindicato.
A entidade vive um conflito com o governo federal por exigências de reajuste salarial e reestruturação do plano de carreira.
Uma greve realizada em abril foi paralisada com a perspectiva de avanço nas negociações com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Os trabalhadores, porém, decidiram cruzar os braços novamente.
Segundo nota, os servidores decidiram em assembleia virtual nesta terça que a greve terá continuidade por tempo indeterminado, porque não teria ocorrido abertura de mesa de negociação, nem apresentação de proposta pelo governo.
Diz o texto: “Até o momento, não há NENHUMA reunião marcada com o governo ou com o Roberto Campos Neto, apesar de nossos diversos pleitos nesse sentido”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.