A Associação de Servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária publicou uma nota de repúdio contra a intenção do governo federal em divulgar o nome de quem aprovou a aplicação da vacina da Pfizer em crianças a partir de cinco anos.
No texto, a organização chamou a medida de “método abertamente fascista” com possíveis “resultados trágicos”.
A Anvisa havia anunciado a liberação na quinta-feira 16. O presidente da Agência, Antônio Barra Torres, chegou a mencionar casos de ameaças de violência por parte de movimentos antivacina contra membros da instituição.
Horas depois, o presidente Jair Bolsonaro, que sempre pôs as vacinas sob dúvidas, disse em live na internet que os pais teriam “o direito de saber” a identidade de cada profissional envolvido na aprovação pela Anvisa.
Em nota nesta sexta-feira 17, a Univisa, que representa os trabalhadores da Anvisa, disse que a possibilidade de divulgação desses nomes pelo governo “não traz consigo qualquer interesse republicano”.
A Associação disse entender o ato como “ameaça de retaliação”.
“Não encontrando meios institucionais para fazê-lo, vale-se da incitação ao cidadão, método abertamente fascista e cujos resultados podem ser trágicos e violentos, colocando em risco a vida e a integridade física de servidores da Agência”, manifestou-se a Univisa.
A organização declarou ainda que a atitude “demonstra desprezo pelos princípios constitucionais da Administração Pública, pelas decisões técnicas da Agência e pela vida dos seus servidores”.
A Univisa disse reconhecer o “trabalho técnico” do corpo de servidores que participaram das análises da vacina e ressaltou a atuação de especialistas das entidades sanitárias Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Abrasco; Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, SBPT; Sociedade Brasileira de Infectologia, SBI; Sociedade Brasileira de Imunologia, SBI; e Sociedade Brasileira de Pediatria, SBP.
A Associação também confirmou o que Barra Torres disse sobre o recebimento de ameaças após os rumores de que a Anvisa aprovaria a vacina para as crianças. A instituição declarou que essas ações têm como pano de fundo “um discurso negacionista e anticientífico”, o que chamou de “extremamente incompatível com o regime democrático” e que “deveria inspirar a máxima atenção das autoridades competentes”.
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