Política
Sem comprovação, deputado associa piora do câncer de Bruno Covas ao uso de máscara
Na sequência, o parlamentar se colocou contra o uso do acessório, uma das principais recomendações da OMS na prevenção ao coronavírus
O deputado federal Giovani Cherini (PL-RS) afirmou durante sessão da Câmara dos Deputados, na manhã desta segunda-feira 17, que o câncer que vitimou o prefeito Bruno Covas (PSDB) pode ter sido agravado pelo uso de máscara. Não há amparo científico para a declaração.
“Falaram tanto do nosso querido e saudoso Bruno Covas, fui colega dele na Câmara. A máscara que ele usou durante toda a campanha [eleitoral] pode ter prejudicado o câncer que ele teve. Por que as células precisam de respiração. Isso é ciência! Respirar é ciência!”, afirmou Cherini, durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça.
Passando só pra lembrar que o povo vota nesse tipo de gente pra deputado.
Esse é do PL RS. pic.twitter.com/aWVxruKtQS— Maurício Araujo (@MaurcioAraujo14) May 17, 2021
Na sequência, o parlamentar se colocou contra o uso de máscaras, uma das principais recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar a infecção pelo coronavírus.
“Eu só gostaria de informar a todos os membros que falam tanto em ciência, ciência, ciência, que eu também defendo a ciência. Só que eu defendo que as pessoas respirem e nós vamos ter uma matança de gente por usar máscara em praça, praia, absurdo, dentro do carro sozinho. De tanta doença mental que as pessoas estão passando, de uma forma desinformada, doentia, politicamente. Porque eu aprendi uma coisa no mundo holístico que eu vivo: respirar é tudo na vida”, disse o deputado.
E completou: “Vocês imaginem ficar oito horas com uma máscara sem respirar. Problemas mentais, doenças de toda a ordem que vamos ter, ansiedade… A população brasileira está sofrendo de ansiedade sabe por quê? Por uso de máscara”.
Após as declarações do parlamentar, as deputadas do PSOL Sâmia Bomfim e Fernanda Melchiona o acusaram de cometer crime contra a saúde pública e cobraram uma censura formal ao deputado da presidência da CCJ. A deputada Bia Kicis (PSL-DF), que está à frente da Comissão, rechaçou o pedido justificando que não tinha relação com a pauta em votação, a PEC 32/2020 que trata da Reforma Administrativa.
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