Política

Sem citar Bolsonaro, Fiesp publica manifesto em que pede harmonia entre Poderes

Após polêmica, o documento foi divulgado sem a assinatura da Federação Brasileira de Bancos (Febraban)

Sem citar Bolsonaro, Fiesp publica manifesto em que pede harmonia entre Poderes
Sem citar Bolsonaro, Fiesp publica manifesto em que pede harmonia entre Poderes
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e Paulo Skaf; Foto: PR
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Após adiar a divulgação de um documento em que cobrava harmonia entre os Poderes, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) decidiu publicar o manifesto ‘A Praça é dos Três Poderes’. O texto não cita o nome do presidente Jair Bolsonaro e afirma que a mensagem “não se dirige a nenhum dos Poderes especificamente”.

O documento foi publicado sem a assinatura da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A entidade, que havia referendado primeira versão do manifesto, havia dito que iria se desvincular de decisões da Fiesp depois das articulações do presidente da entidade industrial, Paulo Skaf, para postergar a publicação do texto e atenuar o impacto político da mensagem.

O endosso da Febraban à primeira versão levou os bancos públicos Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil a manifestarem o desejo de deixar a Febraban, por entenderem que o manifesto era um posicionamento político contra o governo Bolsonaro. Entretanto, Caixa e BB recuaram depois que a Febraban se desvinculou das decisões da Fiesp.

“A representação arquitetônica da Praça dos Três Poderes expressa a independência e a harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Essa é a essência da República. O espaço foi construído formando um equilátero. Essa disposição deixa claro que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais”, diz o texto da Fiesp.

O manifesto da Fiesp é divulgado após o presidente Jair Bolsonaro recuar do tom adotado nos discursos nos atos de 7 de Setembro e publicar nota em que chegou até mesmo a elogiar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Leia abaixo a íntegra do texto:

A representação arquitetônica da Praça dos Três Poderes expressa a independência e a harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Essa é a essência da República. O espaço foi construído formando um triângulo equilátero. Os vértices são os edifícios-sede de cada um dos Poderes. Essa disposição deixa claro que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais.

Em resumo, a harmonia entre eles tem de ser a regra. Esse princípio está presente de forma clara na Constituição Federal, pilar do ordenamento jurídico do país. Diante disso, é primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição impõe. As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada da tensão entre as autoridades públicas.

O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer de forma sustentada e continue a gerar empregos.

Esta mensagem não se dirige a nenhum dos Poderes especificamente, mas a todos simultaneamente, pois a responsabilidade é conjunta. Mais do que nunca o momento exige aproximação e cooperação entre Legislativo, Executivo e Judiciário.

É preciso que cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna. Esse é o anseio da Nação brasileira.

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