Política

Secretário de Saúde de Minas fura a fila da vacina e leva 500 com ele

Carlos Eduardo Amaral disse ter tomado a vacina para ‘dar o exemplo’ para o povo. Apesar da justificativa, não há registro público do fato

O secretário de Saúde de Minas Gerais, Carlos Eduardo Amaral, e o governador Romeu Zema. Foto: Pedro Gontijo/Agência Minas
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O secretário da Saúde do governo de Minas Gerais, Carlos Eduardo Amaral admitiu que ‘furou’ a fila da imunização contra a Covid-19 e garantiu o imunizante a outros 500 servidores da sua pasta que estavam fora dos grupos prioritários. Funcionários em regime de home office e fora dos grupos prioritários estabelecidos pelo Plano Nacional de Imunização chegaram a ser convocados para serem vacinados.

Em audiência na Assembleia Legislativa mineira, realizada nesta quarta 10, Amaral confessou que tomou a vacina para “dar o exemplo” para o povo. Apesar da justificativa, a imunização do político não foi registrada ou divulgada em qualquer tipo de campanha.

O escândalo levou o governador, Romeu Zema (Novo), a anunciar, ainda na noite de quarta, a abertura de um inquérito. “Desde as primeiras informações sobre a vacinação de servidores estaduais fora dos grupos prioritários, determinei a imediata abertura de investigação pelos órgãos de controle interno do Estado para apurar possíveis irregularidades”, declarou o governador emendando que determinou o envio imediato da lista de vacinados à Assembleia Legislativa. Amaral, entretanto, continua no cargo.

Na Assembleia Legislativa, deputados alcançaram as 39 assinaturas mínimas nesta tarde e foi instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso, além de outros desvios envolvendo o Plano Nacional de Imunização no estado. O presidente da casa Agostinho Patrus (PV) comparou o caso como a um “trem da alegria”. “Furar a fila da vacinação sem nenhum argumento razoável, enquanto avós não veem seus netos há mais de um ano e pessoas morrem em hospitais, é motivo suficiente para a ALMG abrir uma CPI e investigar a fundo o absurdo ‘trem da alegria’ da imunização.”

O bonde dos “fura fila” envolveria 500 funcionários do setor administrativo da Secretaria de Estado, o grupo já vem sendo investigado pelo Ministério Público Estadual desde terça-feira 9. A 19ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde enviou à Secretaria ofício solicitando a lista de nomes e os cargos de todos os funcionários vacinados, apresentando também o balanço de imunização dos grupos prioritários estabelecidos no Plano Nacional do governo federal. A pasta tem cinco dias úteis para responder à diligência.

Além de servidores de almoxarifado e da área administrativa, há, também, denúncias de que assessores de comunicação possam ter sido vacinados, segundo divulgado pela imprensa mineira.

Ao todo, teriam sido separadas mil doses para imunizar os servidores da pasta e o próprio Secretário de Saúde. O estado de Minas Gerais recebeu, nesta quarta, o sétimo lote de doses de vacinas, totalizando pouco mais de 2,1 milhões de vacinas distribuídas no estado. De acordo com o “Vacinômetro” divulgado pelo governo do estado, 765.338 mineiros já tomaram a primeira dose e 358 mil a segunda dose. A população de Minas é de 20,8 milhões.

“A decisão de vacinar os trabalhadores de saúde da SES-MG foi tomada por deliberação entre os gestores municipais e estaduais por meio da Comissão Intergestores Bipartite do SUS MG – CIB, de 9 de fevereiro de 2021 que esclareceu que fazem parte dos grupos iniciais prioritários da vacinação os trabalhadores das Secretarias Municipais de Saúde, Secretaria Estadual de Saúde e órgãos estaduais de saúde que, em razão de suas atividades, tenham contato com o público”, destacou a secretaria em nota enviada para imprensa.

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