Política

Santos Cruz diz que PF instaurou inquérito sobre ataques nas redes

Ex-ministro prestou depoimento na CPMI das Fake News a deputados e senadores

O presidente da CPMI, senador Angelo Coronel (PSD-BA), e o general Carlos Alberto dos Santos Cruz. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
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O ex-ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, afirmou, nesta terça-feira 26, que pediu um inquérito à Polícia Federal para apurar ataques que recebeu na internet. A declaração ocorreu durante oitiva na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, no Congresso Nacional.

Segundo o militar, a Polícia Federal instaurou o inquérito e o processo corre sob sigilo de justiça. Sem informar detalhes sobre a investigação, o general disse que parou de acompanhar o curso do inquérito após ter deixado o ministério, em 13 de junho deste ano.

Ele afirmou ter “suspeitas” sobre quem incentivou ataques a ele, mas que faria acusações apenas com informações comprovadas por meios técnicos. Também recomendou a parlamentares que procurem uma empresa de segurança cibernética para selecionar temas e relacioná-los a perfis que supostamente compartilham mais informações falsas.

O militar apresentou uma montagem disseminada na internet em que aparece um diálogo falso com o seu nome. Na imagem adulterada, há frases, em seu nome, com críticas à família do presidente Jair Bolsonaro e com elogio à possibilidade de o vice-presidente Hamilton Mourão liderar o governo.

Santos Cruz evitou fazer críticas diretas a Bolsonaro e corrigiu a revista Época que, em junho, reportou uma declaração sua sobre haver um “show de besteiras” no governo.

 

“Não falei que o governo era um show de besteiras. Falei que tem um show de besteiras que tira atenção até sobre as coisas boas. O governo também tem coisa boa”, disse o ex-ministro.

O militar também dispensou acusações ao vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) e ao secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, na coordenação de produção de informações falsas nas redes, durante e depois da campanha presidencial.

Santos Cruz considerou que Bolsonaro foi alçado à presidência da República por uma “eleição limpa e disputada”. O militar avaliou que o atual presidente recebeu votos de um grupo de simpatizantes, uma “massa de brasileiros que queria mudança” e de “um pequeno grupo ideológico”.

Segundo o general, este pequeno grupo ideológico “quer manter um clima de conflito permanente”. Perguntado se Carlos Bolsonaro integra este conjunto, o militar preferiu não nomear possíveis participantes.

Em resposta ao deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), o ex-ministro afirmou ainda que consentiu a admissão dos assessores Tercio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz. Ele disse que os conheceu de vista e que se lembra de ter assinado uma das admissões, e que “provavelmente” permitiu as outras.

Os assessores são acusados por Frota de integrarem uma espécie de “gabinete do ódio”, instalado ao lado da sala da presidência da República, no Palácio do Planalto. Segundo Frota, o gabinete estaria voltado para a disseminação de informações falsas nas redes sociais, com a participação de Carlos Bolsonaro.

Santos Cruz também desmentiu a informação de que, enquanto era ministro, houve proposta de destinação de pagamento em favor do escritor Olavo de Carvalho e de elaboração de programa com o guru bolsonarista na TV Brasil, da estatal Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).

Alguns parlamentares da oposição se demonstraram frustrados com a colaboração do general na CPMI. Nas redes sociais, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) escreveu que Santos Cruz “protegeu” Bolsonaro ao negar todas as críticas que fez, anteriormente, ao governo federal.

“Santos Cruz protegeu o presidente Bolsonaro e mostrou, numa apresentação de slides, o modo como se constrói o fascismo numa sociedade. E ainda quer dizer que não sabe onde estão as milícias digitais? A verdade vai engolir esta covardia com o Brasil”, publicou.

O general foi demitido do governo Bolsonaro após sucessivos embates públicos com Olavo de Carvalho. O ex-ministro foi convidado para depor na CPMI por requerimento de autoria do deputado Marcelo Ramos (PL-AM) e do senador Rogério de Carvalho.

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