Política

O Santander defendeu um golpe contra Lula?

Após se manifestar em 2014 sobre a disputa entre Dilma e Aécio, a instituição voltou aos holofotes em meio ao favoritismo de Lula para 2022

Foto: Divulgação
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Circulou nas redes sociais na última quinta-feira 12 uma suposta mensagem enviada pelo Santander a clientes em que um economista do banco defenderia um golpe de Estado para retirar o ex-presidente Lula das eleições de 2022.

A história veio à tona em um artigo da revista espanhola Contexto y Acción intitulado ‘Economista do Santander no Brasil defende golpe para impedir a volta de Lula ao poder’, posteriormente repercutido por veículos brasileiros.

A notícia revoltou lideranças do PT. Pelas redes sociais, a presidenta do partido, Gleisi Hoffmann, escreveu que a “declaração de economista do Santander sobre barrar Lula mostra como o mercado está de mãos dadas com o golpe pretendido por Bolsonaro e cia.”. Disse, ainda, que se trata da “junção do capitalismo selvagem com o fascismo, a pior combinação possível e a sociedade que se dane”.

O texto que motivou toda essa controvérsia traz o seguinte trecho: “Ninguém apoiará um golpe em favor de Bolsonaro, mas é possível especular sobre um golpe para evitar o retorno de Lula. Ele era inelegível até outro dia, por exemplo, pode voltar a sê-lo“.

O autor afirma que “é preciso reconhecer um problema na eleição de 2022: a perspectiva de retorno ao poder da máquina de corrupção do governo Lula”. Ainda segundo ele, “se o sistema político e judicial, se o establishment político brasileiro acha cômico o governo Bolsonaro, o retorno de Lula e seus aliados representa uma ameaça bem mais séria. Hoje, Lira é o presidente da Câmara, mas sob um governo do PT, seria um modesto aliado abrigado em um cargo menor”.

De acordo com o Santander, porém, o relatório é de responsabilidade de uma consultoria independente, foi repassado a um “grupo restrito de investidores”. Trata-se da CAC Consultoria Política, fundada pelo cientista político José Luciano de Mattos Dias.

Ainda segundo o Santander, o documento “não corresponde, sob qualquer hipótese, a uma visão da instituição” e trata-se apenas “de avaliação feita por uma consultoria independente – que não censuramos e por cujo teor não nos responsabilizamos -, repassada a um grupo restrito de investidores que necessitam embasar suas decisões em diferentes visões do cenário nacional.”

Após as explicações do Santander, Gleisi Hoffmann voltou as redes sociais e publicou a seguinte mensagem: “Santander nos procurou p/ dizer q posição s/ golpe p/ tirar Lula das eleições é de consultoria independente, ñ reflete sua visão e q ñ censuram textos. Divulgar opinião é ser co-responsável. Só medida firme em relação a consultoria demonstrará q ñ concordam c/ ataques a democracia”.

Embora tenha negado responsabilidade pelo texto, o Santander já protagonizou casos semelhantes Em 2014, o banco enviou a clientes de alta renda um relatório em que dizia que a economia do País pioraria com uma vitória de Dilma Rousseff, que disputou — e ganhou — as eleições daquele ano contra o tucano Aécio Neves.

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