Russomanno, Haddad e Serra: quem vai ao segundo turno?

Ibope deste sábado 6 aponta Serra, Russomanno e Haddad com 26% dos votos válidos cada

'Se o estado não tem condição e competência para cuidar da segurança pública, a prefeitura tem que cuidar', diz Celso Russomano. Foto: Olga Vlahou

Apoie Siga-nos no

São Paulo chega ao dia da eleição com os três principais candidatos, José Serra (PSDB), Celso Russomano (PRB) e Fernando Haddad (PT), numericamente empatados com 26% dos votos válidos e 22% dos totais. É o que indica a pesquisa  Ibope/TV Globo, divulgada neste sábado 6.

Realizado entre quinta-feira 4 e hoje, com 1.204 pessoas, o levantamento ainda mostra Gabriel Chalita (PMDB) com 11% em votos totais e 13% dos votos válidos.

No levantamento do Datafolha/TV Globo deste sábado – realizado entre 5 e 6 de outubro com 3.959 pessoas –  o cenário é um pouco diferente. Mas também há empate técnico entre os candidatos. Serra assumiu a dianteira na disputa, com 28% dos votos válidos. Russomanno, em forte queda nas últimas semanas, tem 27% das intenções de voto. Em terceiro, está Haddad (24%).

Como a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, os três candidatos estão tecnicamente empatados.

O candidato do PRB manteve a porcentagem da pesquisa anterior, mas há oito dias possuía 34% dos votos válidos. Em terceiro lugar aparece Gabriel Chalita (PMDB), com 13%, seguido por Soninha (PPS) com 5%. Carlos Giannazzi (PSOL), Paulinho (PDT), Ana Luiza (PCO) e Levy Fidelix (PRTB) aparecem com 1%.

Pelo Ibope, no segundo turno Russomanno levaria a melhor contra os dois adversários: 38% a 33% contra Haddad e 43% a 32% contra Serra. Haddad venceria o tucano por 40% a 33%.


Já no Datafolha, Russomanno venceria Serra por 44% a 37%, mas apareceria em empate técnico com Haddad (40% a 39% para o petista). Haddad venceria Serra por 45% contra 39%.

Em ambas pesquisas, Serra lidera na rejeição (42% no Datafolha e 39% no Ibope), seguido por Russomanno (30% e 22%) e Haddad (25% e 22%).

Russomano em queda

A queda de Russomanno é uma consequência das críticas sofridas pelo candidato nas últimas duas semanas. PT e PSDB se resumiram a atacar uns aos outros durante dois meses. Esperavam que Russomanno fosse um “cavalo paraguaio” e desidratasse naturalmente. Além disso, temiam que, ao atacar o candidato do PRB, os votos dele fossem a um de seus outros oponentes.

Desde a semana passada, PT e PSDB mudaram o diagnóstico e começaram a criticar o líder nas pesquisas. Os dois candidatos focaram os ataques nas propostas pouco claras de Russomanno. Nos dias anteriores à eleição, ambos ainda levam panfletos às ruas com críticas ao líder das pesquisas.



A reação também veio. Antes de se tornar o alvo preferido, Russomanno dizia fazer uma campanha propositiva, e que evitava atacar seus adversários. Na última semana, mudou de postura. Em seu programa na televisão, bateu na mesa e chamou Haddad de mentiroso.

O pastor Edir Macedo, líder da Igreja Universal, que controla o partido de Russomanno, também apareceu defendendo o candidato do seu partido. Em seu blog, publicou um texto supostamente de um fiel. “Com o sr. Haddad na prefeitura, sem a presidenta como chefe, é óbvio que ele estará livre para infestar as escolas municipais com seu kit gay”. O texto também defende a direção do partido, formado majoritariamente por bispos da IURD. “O PRB tem em seus cargos de direção verdadeiros homens de Deus.”

Enquanto isso, o desempenho de Serra e Haddad, apontados como favoritos antes do início da campanha, mostra como a estratégia inicial do PSDB e do PT se esgotou ao longo da corrida eleitoral. Nenhum dos dois se consolidou com mais de 25% das intenções de voto desde o início oficial da campanha, o que abriu espaço para a terceira via chamada Russomanno.

Ambos fizeram campanhas previsíveis: Haddad, apoiado no padrinho Luiz Inácio Lula da Siva, e nos números de sua gestão à frente do Ministério da Educação, sobretudo relativos à universalização do Enem e da expansão das universidades federais. Teve como principal desafio se apresentar a parte do eleitorado como o candidato do ex-presidente – em boa parte da campanha sem o apoio de Marta Suplicy, a ex-prefeita bem votada na periferia que se ausentou de parte da campanha e cobrou alto pelo seu engajamento: uma vaga no Ministério da Cultura.

Se faltou apoio da ex-prefeita, o mesmo não pode ser dito de Lula, cuja onipresença na campanha petista foi notada do primeiro ao último instante e levou o ex-presidente a declarar, em evento na sexta-feira 5, que esta é a mais duras disputas das quais participou em São Paulo. Pudera: a aposta no novo foi alta, e o resultado da eleição não deixará de ser um alerta, ou mais um trunfo, para os objetivos futuros de Lula e seu partido.

Serra, por sua vez, se fiou no recall de outras eleições e em sua biografia como ex-secretário de estado, ex-ministro, ex-senador, ex-deputado, ex-governador, ex-presidenciável por duas vezes e e ex-prefeito da mesma cidade que hoje tenta voltar. E foi justamente esta passagem de sua biografia que se transformou em pivô da maioria das críticas, já que deixou a prefeitura em 2006 para concorrer ao governo do estado de São Paulo. A sua “meia gestão” foi lembrada pelos adversários para mostrar que o tucano não tinha compromisso com a cidade.


Fato é que o mais rodado dos candidatos chega à reta final com um índice de rejeição em torno de 45%. Um índice muito alto para quem pretende reunir forças e começar uma nova eleição num eventual segundo turno. Isso se chegar até lá.

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.