Política

Roberto Dias paga fiança de 1,1 mil reais e é liberado pela Polícia Legislativa

A ordem de prisão partiu do presidente da CPI da Covid, Omar Aziz, que acusou o ex-diretor da Saúde de mentir em depoimento

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
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O ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias foi liberado no fim da noite desta quarta-feira 7. Ele foi levado à Delegacia da Polícia Legislativa, no Congresso Nacional, após ter a prisão decretada pelo presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), sob a acusação de mentir em seu depoimento.

Ele permaneceu por cinco horas na sede da Polícia Legislativa e deixou o local após pagar uma fiança de 1.100 reais. Dias não conversou com jornalistas após ser liberado.

Na oitiva, Dias negou que tenha marcado um encontro com o policial militar Luiz Paulo Dominguetti, representante da Davati Medical Supply, para negociar a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca. À CPI, ele afirmou que tomava um chopp com um amigo quando foi abordado por Dominguetti e pelo coronel Marcelo Blanco, ex-servidor da Saúde, com a oferta.

No entanto, áudios encontrados no celular de Dominguetti e revelados pela CNN Brasil colocaram em xeque a versão do ex-diretor da Saúde. O encontro aconteceu em um restaurante localizado em um shopping de Brasília, no dia 25 de fevereiro, ocasião em que o representante da Davati acusa Dias de ter pedido propina de um dólar por dose de imunizante.

Os áudios

Em 23 de fevereiro, dois dias antes do suposto pedido de propina, Dominguetti enviou um áudio a um interlocutor, Rafael, às 16h22. “Rafael, tudo bem? A compra vai acontecer, tá? Estamos na fase burocrática. Em off, pra você saber, quem vai assinar é o Dias mesmo, tá? Caiu no colo do Dias… e a gente já se falou, né? E quinta-feira a gente tem uma reunião para finalizar com o Ministério”, disse o PM.

No dia 25, quando teria ocorrido o pedido de propina, Dominguetti recebeu um áudio de um aliado, Coronel Odillon, que o ajudou a entrar em contato com militares que, segundo ele, abriram portas no Ministério da Saúde. Na mensagem, Odillon disse: “Queria ver se vocês combinaram alguma coisa para encontrar com o Dias”. Isso aconteceu às 14h51.

No dia 26, após uma reunião com Roberto Dias no Ministério da Saúde, Dominguetti voltou a mandar uma mensagem ao interlocutor Rafael. Ele disse que havia acabado de sair da pasta. A mensagem foi enviada às 17h16. A agenda oficial da pasta registra o encontro às 15h.

“Rafael, acabei de sair aqui do ministério. Tudo redondinho. O Dias vai ligar pro Cristiano (representante da Davati no Brasil) e conversar com o Herman (CEO da Davati) ainda hoje, tá. Ele tá afinando essa compra aí, várias reuniões certificando a turma de que a vacina já está à disposição do Brasil”, disse Dominguetti.

Ele finalizou o áudio com a afirmação de que estavam discutindo como seria o pagamento. “Se for da AstraZeneca, melhor ainda”.

Após a divulgação dos registros, o presidente da CPI deu voz de prisão a Roberto Dias. “Vai estar detido agora, pelo Brasil. Porque estamos aqui pelo Brasil, pelos que morreram, pelas vítimas sequeladas. Não estamos aqui pra brincar, não, de ouvir historinha de servidor que pediu propina”, disse Omar Aziz, ao encerrar a sessão.

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