Política
Ricardo Galvão resiste e vaga de Boulos na Câmara pode ficar com Vladimir Safatle; entenda
O mandato-tampão deve durar até abril do ano que vem


A ida de Guilherme Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência da República abriu a disputa sobre quem assumirá a cadeira do psolista na Câmara dos Deputados.
Ricardo Galvão (Rede), ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e atual presidente do CNPq, é o primeiro suplente — e portanto, seria o próximo da fila. Mas o pesquisador, que ganhou projeção nacional em 2019 ao bater de frente com o então presidente Jair Bolsonaro (PL), ainda não decidiu se assumirá o cargo.
De acordo com interlocutores, Galvão resiste porque, para virar deputado, teria de interromper sua gestão à frente do CNPq, órgão que chefia desde 2023. Ele passou o dia ouvindo aliados da Rede Sustentabilidade, partido ao qual é filiado desde 2022 e pelo qual disputou as eleições daquele ano.
Na noite de segunda-feira 20, o ex-diretor do Inpe afirmou ao G1 que ainda não havia sido procurado para discutir o tema e disse considerar que a decisão resultaria de um “diálogo político”, uma vez que candidatou-se pela Federação PSOL/Rede. No pleito, Galvão recebeu 40.356 votos.
Caso decida ficar no CNPq, a vaga poderia ir para o ex-deputado estadual João Paulo Rillo, atual vereador em São José do Rio Preto e presidente da federação em São Paulo. Inicialmente, a reportagem afirmou que o parlamentar teria desavenças internas com a ala liderada por Boulos e está de malas prontas rumo ao PT. Após a publicação, Rillo informou que não há divergências entre os dois, que possui uma relação amigável com o deputado e que a possível saída do PSOL não tem relação com o Boulos.
Num terceiro cenário, a vaga ficaria com o filósofo e professor da USP Vladimir Safatle (PSOL), que recebeu pouco mais de 17.640 mil votos na última eleição.
O mandato-tampão deve durar até abril do ano que vem, quando a hoje ministra dos Povos Índigenas Sônia Guajajara deixará a pasta e retornará à Câmara para cuidar da reeleição.
Guilherme Boulos assumiu a SGPR com objetivo de reaproximar o governo Lula (PT) dos movimentos sociais. Seu antecessor no cargo, o petista Márcio Macêdo, era alvo de críticas constantes dentro e fora da gestão federal pela inabilidade no diálogo com esses grupos. Para integrar a Esplanada, o deputado do PSOL abriu mão de ser candidato em 2026, mas a cúpula do seu partido ainda tenta convencê-lo a disputar uma vaga no Senado.
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