Revista Nature publica editorial contra Bolsonaro: ‘Com mais 4 anos, o dano pode ser irreparável’

Segundo o tradicional veículo britânico, o ex-capitão 'assumiu o cargo negando a ciência, ameaçando os direitos dos povos indígenas e promovendo armas'

O presidente Jair Bolsonaro. Foto: CAIO GUATELLI/AFP

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A tradicional revista científica Nature, do Reino Unido, publicou nesta terça-feira 25 um editorial em que se manifesta contra Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da eleição presidencial no Brasil, a ser disputado no próximo domingo 30. Segundo o veículo, se o ex-capitão obtiver um novo mandato, “o dano pode ser irreparável”.

“Bolsonaro assumiu o cargo negando a ciência, ameaçando os direitos dos povos indígenas, promovendo armas como solução para preocupações de segurança e forçando uma abordagem de desenvolvimento a qualquer custo para a economia”, diz a publicação. “Seu mandato foi desastroso para a ciência, o meio ambiente e o povo do Brasil – e do mundo.”

Nature acrescenta que “o histórico de Bolsonaro é de arregalar os olhos” e que, sob a liderança do presidente “o meio ambiente foi devastado quando ele retirou proteções legais e menosprezou os direitos dos povos indígenas”.

O veículo ainda estabelece comparações entre Bolsonaro e o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump – ambos menosprezaram, de alguma forma, a gravidade da pandemia da Covid-19 e tentaram “minar o Estado de Direito”.

“Isso contrasta com a situação cerca de uma década antes de ele [Bolsonaro] chegar ao poder, quando o Partido dos Trabalhadores fez grandes investimentos em ciência e inovação, forte proteção ambiental estava em vigor e oportunidades educacionais foram ampliadas. Além disso, graças em parte a um programa maciço de transferência de dinheiro para os pobres, chamado Bolsa Família, as pessoas de baixa renda viram ganhos em renda e em oportunidades”, prossegue o editorial.

Naquele tempo, diz a revista, o Brasil também “exibiu sua reputação de líder ambiental, intensificando a aplicação da lei ambiental e reduzindo o desmatamento na Amazônia em cerca de 80% entre 2004 e 2012”. E, “ao contrário de Bolsonaro, Lula não procurou lutar contra pesquisadores”.


Nature menciona a passagem de Lula pela prisão, mas reforça que os processos foram anulados pelo Supremo Tribunal Federal e que o ex-presidente recuperou seus direitos políticos.

“Os eleitores do Brasil têm uma oportunidade valiosa para começar a reconstruir o que Bolsonaro derrubou. Se Bolsonaro ganhar mais quatro anos, o dano pode ser irreparável.”

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