Política
Revista francesa traça perfil do vice de Bolsonaro, “general sinistro”
A M, publicada pelo prestigiado Le Monde, descreve o esforço para se esconder Hamilton Mourão durante a campanha
A revista M do jornal francês Le Monde traz nesta semana uma reportagem sobre Hamilton Mourão, o vice do candidato do PSL na corrida presidencial brasileira. Com o título “O sinistro general na sombra de Jair Bolsonaro”, o texto explica como o militar tem sido apagado da campanha para evitar declarações desastrosas na reta final.
A reportagem começa relatando uma cena na noite do primeiro turno da eleição presidencial brasileira, quando Mourão foi praticamente excluído no momento em que Bolsonaro apareceu diante das câmeras. O presidenciável preferiu privilegiar Paulo Guedes, analisa o texto.
No início, Mourão ajudou o presidenciável, com sua legitimidade de militar, explica a correspondente da revista no Brasil. Mas de uns tempos para cá, “Bolsonaro teme as gafes políticas”, como quando o general falou do 13° salário como uma aberração ou quando anunciou que a Constituição poderia ser reescrita, sem acordo do Congresso ou dos eleitores, comenta a reportagem.
Leia também:
Maioria das denúncias de coação eleitoral é pró-Bolsonaro
A revista lembra que Mourão não era a primeira escolha de Bolsonaro. O general só conquistou o lugar de vice na campanha após Janaína Paschoal ter recusado a oportunidade. Além disso, o nome de Luiz Philippe de Orléans e Bragança, o segundo na lista de possíveis candidatos, teria sido descartado após um desentendimento com o presidenciável.
Mesmo assim, explica a reportagem, Mourão terá um peso no governo brasileiro com uma possível vitória de Bolsonaro. “Em caso de ausência ou impedimento do presidente, ele dirige o país”, lembra o texto. “E se Bolsonaro assusta os defensores dos direitos humanos, os negros, os mestiços, as comunidades LGBT e, de maneira mais global, os democratas, Mourão suscita um verdadeiro pânico” compara a correspondente do Le Monde no Brasil, lembrando das declarações sobre o “ “branqueamento [sic] da raça” ou sobre a ditadura feitas pelo militar, que não poupa elogios a torturadores.
“O general faz parte de um grupo de militares e policiais que se tornaram protagonistas desta eleição”, explica o texto. “Após o primeiro turno, 73 membros ou ex-membros das forças de ordem foram eleitos no Senado ou na Câmara dos deputados, contra 18 na eleição anterior”, relata a reportagem. Para a revista, esse é o sintoma de um país, ferido pela crise, pelos escândalos de corrupção e a insegurança, e que agora “tem sede de ordem e autoridade” e isso seria encarnado pelos militares. Apesar da opressão que o período de ditadura representou para o país.
Leia mais na RFI:
Denúncia de propaganda ilegal de Bolsonaro no WhatsApp pode constituir crime eleitoral, diz imprensa europeia
Regulamentação europeia de dados pessoais intensificaria uso político do WhatsApp, afirmam especialistas
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.