Política

Retrospectiva: as piores declarações de Bolsonaro sobre a pandemia

Presidente assumiu desde o início uma postura negacionista, minimizando os impactos da doença que matou mais de 190 mil no País

Bolsonaro tosse após discursar em ato em Brasília. Foto: Sergio LIMA/AFP
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Desde que o Brasil confirmou o seu primeiro caso de coronavírus em fevereiro, no estado de São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro segue acumulando declarações polêmicas, minimizando os impactos da pior crise sanitária enfrentada pelo País e, na maior parte das vezes, estimulando exatamente o contrário do que preveem as recomendações da área da saúde para mitigar a atuação do vírus. Ele mesmo foi o mobilizador de diversas aglomerações ao longo dos meses da pandemia.

A conduta do presidente não pode ser vista separada dos números que o País alcançou ao longo da pandemia. O Brasil é o segundo país com mais mortes no mundo, atrás apenas dos EUA; e é o terceiro em número de casos, sendo ultrapassado novamente pelo país norte-americano e, mais recentemente, pela Índia que, em setembro, ocupou a vice posição.

O País também voltou a conviver, desde novembro, com a aceleração da pandemia no território, colocando fim às expectativas de desaceleração vistas em agosto e setembro e, mais uma vez, colocando em xeque a opinião de Bolsonaro que, recentemente, declarou que a pandemia “está no fim” e que o País vive uma “situação de quase normalidade”.

CartaCapital selecionou algumas das ‘pérolas’ ditas por Bolsonaro nesse período.

Confira:

Março

O Brasil chegou ao dia 31 de março com 201 mortes e 5.717 casos confirmados de coronavírus.

10/03 – “Muito do que falam é fantasia, isso não é crise”

17/03 – “O que está errado é a histeria, como se fosse o fim do mundo. Uma nação como o Brasil só estará livre quando certo número de pessoas for infectado e criar anticorpos”

20/03 – “Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, tá ok?”

22/03 – “Não podemos nos comparar com a Itália. (…) Esse clima não pode vir para cá porque causa certa agonia e um estado de preocupação enorme. Uma pessoa estressada perde imunidade”

24/03 – “Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria. Seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão.”

26/03 – “O brasileiro tem de ser estudado, não pega nada. O cara pula em esgoto, sai, mergulha e não acontece nada.”

26/03 – “O pânico é uma doença e isso foi massificado quase que no mundo todo e no Brasil não foi diferente”

27/03 – “Alguns vão morrer? Vão, ué, lamento. É a vida. Você não pode parar uma fábrica de automóveis porque há mortes nas estradas todos os anos”.

29/03 –  “O vírus tá aí, vamos ter de enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, pô, não como moleque”

Abril

O Brasil chegou ao dia 30 de abril com 6.006 mortes e 87.187 casos de coronavírus.

01/04 – “O vírus é igual a uma chuva. Ela vem e você vai se molhar, mas não vai morrer afogado.”

08/04 – “Há 40 dias venho falando do uso da hidroxicloroquina no tratamento do covid-19. Cada vez mais o uso da cloroquina se apresenta como algo eficaz”

12/04 – “Quarenta dias depois, parece que está começando a ir embora essa questão do vírus”

18/04 – “‘Não tem que se acovardar com esse vírus na frente”

20/04 – “Eu não sou coveiro, tá certo?”

28/04 – E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre.”

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Maio

O Brasil chegou ao dia 31 de maio com 29.314 mortes e 514.849 casos confirmados de coronavírus.

08/05 – “Tem 1.300 convidados, mas quem tiver amanhã aqui, se tiver mil, a gente bota para dentro. Vai dar mais ou menos 3 mil pessoas no churrasco.”

20/05 – “Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda, Tubaína.”

Presidente Jair Bolsonaro está concentrado em participar de atos antidemocráticos e contra o isolamento social. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Junho

O Brasil chegou ao dia 30 de junho com 59.656 mortes e 1.408.485 milhão de casos confirmados de coronavírus.

02/06 – “A gente lamenta todos os mortos, mas é o destino de todo mundo.”

10/06 – Se quiser falar, sai daqui, porque já foi ouvida. Cobre do seu governador. Sai daqui”.

Julho

O Brasil chegou ao dia 31 de julho com 92.568 óbitos e 2.666.298 milhões de casos confirmados de coronavírus.

19/07 – “Demos azar com essa pandemia, mas vamos sair dessa”.

30/07 – “Depois de 20 dias dentro de casa, a gente pega outros problemas. Eu peguei mofo, mofo no pulmão”

31/07 – “Eu estou no grupo de risco. Agora, eu nunca negligenciei. Eu sabia que um dia ia pegar. Infelizmente, acho que quase todos vocês vão pegar um dia. Tem medo do quê? Enfrenta! (…) Lamento. Lamento as mortes. Morre gente todos os dias de uma série de causas. É a vida, é a vida.”

Agosto

O Brasil chegou ao dia 31 de agosto com 121.515 mortes e 3+910.901 milhões de casos confirmados de coronavírus.

06/08 – “A gente lamenta todas as mortes, vamos chegar a 100 mil, mas vamos tocar a vida e se safar desse problema.”

Setembro

O Brasil chegou ao dia 30 de setembro com 143.866 mortes e 4.813.586 milhões de casa confirmados.

18/09 – “Vocês não entraram naquela conversinha mole de fica em casa e a economia a gente vê depois. Isso é para os fracos”, disse durante evento em Sinop (MT).

Bolsonaro gera aglomeração em ato do 7 de Setembro. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Outubro

O Brasil chegou ao dia 30 de outubro com 159.562 mil óbitos e 5.519.528 milhões de casos confirmados de coronavírus.

24/10 – “Vacina obrigatória só aqui no Faísca”, disse em uma postagem nas redes sociais em que aparecia com seu cachorro.

25/10 – “Tu quer que eu baixe na canetada? Você quer que eu tabele? Se você quer que eu tabele, eu tabelo. Mas você vai comprar lá na Venezuela”, disse a apoiador que reclamou do aumento no preço do arroz.

Novembro

O Brasil chegou ao dia 30 de novembro com 173.165 mortes e 6.336.278 milhões de casos confirmados de coronavírus.

10/11 – ““Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, disse se referindo à suspensão dos testes da Coronavac.

Dezembro

Até 26 de dezembro, dia do fechamento desta reportagem, o Brasil contabilizava 190.488 mortos e 7.448.560 milhões de casos confirmados de coronavírus.

16/12 – “Quem esperava? Depois de meses difíceis, chegarmos a uma situação de quase normalidade, ainda em 2020”.

18/12 – “Lá no contrato da Pfizer, está bem claro nós (a Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema seu”, disse se referindo à vacina.

24/12 – “Nessa ocasião, solidarizo-me, particularmente, com as famílias que perderam seus entes queridos neste ano… Externo meus sentimentos, pedindo a Deus que conforte os corações de todos”

26/21 – “Ninguém me pressiona para nada, eu não dou bola para isso” [em relação à pressão pelo início da vacinação em países como Estados Unidos, Reino Unido, Chile e México].

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