Política

Resultado de prévias do PSDB deve influir no tamanho do centro político

Se o governador paulista for o vitorioso, a expectativa é que ele e o ex-ministro Sérgio Moro estreitem a relação após as prévias do PSDB

Resultado de prévias do PSDB deve influir no tamanho do centro político
Resultado de prévias do PSDB deve influir no tamanho do centro político
Eduardo Leite e João Doria. Fotos: Felipe Della Valle/AFP e Valter Campanato/Agência Brasil
Apoie Siga-nos no

O PSDB escolhe hoje seu pré-candidato à Presidência da República em uma definição que terá reflexos nas articulações para a consolidação de uma terceira via na disputa de 2022. O resultado das prévias do partido, nas quais disputam efetivamente os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), deverá influenciar no processo de concentração ou expansão de outras pré-candidaturas colocadas no chamado centro político.

Após dois meses de campanha oficial, os concorrentes tucanos – incluindo Arthur Virgílio (AM), ex-senador e ex-prefeito de Manaus – ainda são vistos com ceticismo pelos partidos e lideranças que buscam alternativas eleitorais à polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder das pesquisas de intenção de voto, e o atual presidente Jair Bolsonaro. Tanto Doria quanto Leite afirmam que estão abertos a uma aliança que não tenha necessariamente o candidato tucano como cabeça de chapa, mas o primeiro passo concreto nesse sentido vai ocorrer nos dias seguintes à divulgação do resultado. O vencedor das prévias deve fazer gestos no sentido de união das forças de centro.

Se o governador paulista for o vitorioso, a expectativa é que ele e o ex-ministro Sérgio Moro estreitem a relação após as prévias do PSDB e sejam vistos juntos em iniciativas de unidade da terceira via, que hoje soma mais de dez nomes.

O primeiro movimento para afunilar esse campo seria unir os dois “players” apontados como mais fortes, que seriam Moro e o escolhido tucano. Alguns integrantes do PSDB sonham com um palanque presidencial com Doria e o ex-juiz, mas ambos não pretendem falar disso tão cedo. Ontem, Doria defendeu conversas com outros pré-candidatos da terceira via e citou, além de Moro, os nomes do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e da senador Simone Tebet (MDB). “Terceira via, se não for fragmentada, será a melhor via”, disse.

Ironizando Doria, que falou em procurar os presidenciáveis, Leite buscou se apresentar como melhor opção para construir uma aliança. “Não preciso buscar; sempre tive diálogo com essas candidaturas e deixei claro que não se trata de projeto pessoal” afirmou, voltando a sinalizar que pode abrir mão da cabeça de chapa.

Unidade

Outro desafio imposto está na unidade do próprio PSDB. Publicamente, os governadores de São Paulo e do Rio Grande do Sul já se comprometeram a apoiar o vencedor em caso de derrota. O acirramento das primárias internas atingiu um nível mais elevado do que o imaginado. Segundo avaliação de parte do tucanato, o presidenciável escolhido terá uma missão delicada pela frente: promover uma conciliação com ala bolsonarista da bancada federal, cerca de 15 dos 34 deputados, ou o expurgo desse grupo.

Processo inédito, as prévias devem movimentar mais de 44 mil filiados. Apesar de o número representar só 3% do total de tucanos no País, a decisão de reuni-los nas prévias pode ajudar a sigla a recuperar parte de seu protagonismo. Esse movimento vai depender da capacidade do vencedor em construir novas pontes em Estados onde o eleitorado já foi majoritariamente tucano – como Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul -, mas aderiu a Jair Bolsonaro em 2018. “Essa parte da bancada vai permanecer ou aderir ao bolsonarismo? A dinâmica das prévias tem potencial de unificação, mas isso vai depender da habilidade do vencedor de estabelecer a unidade”, avaliou o cientista político José Álvaro Moisés, da USP.

Fraturas

“A impressão era que as prévias fortaleceriam o PSDB, mas foram muitos os desgastes. O saldo foi mais negativo do que positivo”, disse o deputado federal Junior Bozella (SP), dirigente do União Brasil, partido que nasce da fusão de DEM e PSL. A nova legenda terá uma das maiores fatias dos fundos públicos de financiamento de campanha e de propaganda na TV, potencial na mira dos partidos do centro expandido, como o PSDB e o Podemos, de Moro.

“A chegada de Moro baixou o ímpeto do PSDB”, afirmou Bozella. Presidente do PSDB, Bruno Araújo discorda. Diz acreditar que as prévias darão “musculatura” ao escolhido no domingo.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo