Política

Relatório final da CPI do Cachoeira é rejeitado em votação apertada

O relator recuou nas sugestões de indiciamento de cinco jornalistas e no pedido de investigação do procurador-geral da República

O deputado Eduardo Cunha retirou os capítulos sobre os jornalistas e sobre Roberto Gurgel. Fortalecida, a oposição ameaça barrar todo o texto. Foto: Renato Costa/ Frame/ Estadão Conteúdo
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Karine Melo


Repórter da Agência Brasil

Brasília – Com 18 votos contrários e 16 a favor, o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Cachoeira, que investiga as relações de políticos e empresários com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi rejeitado nesta terça-feira 18. Com isso, depois de oito meses de trabalho, a CPI termina sem um relatório formal para ser encaminhado ao Ministério Público Federal. Oficialmente, o prazo de funcionamento da comissão termina no dia 22.

O único resultado concreto, depois de oito meses de investigação, foi a aprovação  de um voto em separado do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF). O documento, de apenas uma página e meia,  está sendo considerado a conclusão da comissão. Ele determina o compartilhamento de todas as informações sigilosas levantadas pela CPI com o Ministério Público Federal em Goiás, a Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal.

Antes de ter o texto derrubado, o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), destacou os pontos que foram retirados do texto por sugestão de vários parlamentares. Cunha recuou, por exemplo, nas sugestões de indiciamento de cinco jornalistas e no pedido de investigação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Todas as referências ao procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres, também foram retiradas da versão final, mas nem as alterações foram suficientes para convencer a maioria da CPMI.

“Não há como não registrar  a frustração com o término da CPMI. Vamos votar contra, não pelo que nele [no relatório] consta, mas pelo que não consta. O que consta já está encaminhado ao Ministério Público Federal. O que consta é a compilação do trabalho final da Polícia Federal. Em linguagem popular, eu poderia dizer que estamos chovendo no molhado, adotando providencias que já foram adotadas. Em relação ao que é essencial, não avançamos, a CPMI termina onde deveria começar”, criticou o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), ao votar contra o relatório de Cunha.

Nem mesmo o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), um dos escalados para defender a aprovação do relatório, poupou críticas. “Todos sabem a posição que tenho sustentado desde início da CPMI, de critica de contundência, muitas vezes contra o relator. A CPMI perdeu a oportunidades quando suspendeu os trabalho em setembro deste ano, quando não quebrou o sigilo das 21 empresas identificadas como as que receberam recursos da empreiteira Delta”.

Apesar das declarações, Randolfe disse, antes da votação, que o pior ainda seria a comissão ficar sem relatório. “Pode não ser o relatório perfeito, mas vai ser luz de lamparina na noite da impunidade histórica do país”, disse.

 

*Matéria originalmente publicada na Agência Brasil

Karine Melo


Repórter da Agência Brasil

Brasília – Com 18 votos contrários e 16 a favor, o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Cachoeira, que investiga as relações de políticos e empresários com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi rejeitado nesta terça-feira 18. Com isso, depois de oito meses de trabalho, a CPI termina sem um relatório formal para ser encaminhado ao Ministério Público Federal. Oficialmente, o prazo de funcionamento da comissão termina no dia 22.

O único resultado concreto, depois de oito meses de investigação, foi a aprovação  de um voto em separado do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF). O documento, de apenas uma página e meia,  está sendo considerado a conclusão da comissão. Ele determina o compartilhamento de todas as informações sigilosas levantadas pela CPI com o Ministério Público Federal em Goiás, a Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal.

Antes de ter o texto derrubado, o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), destacou os pontos que foram retirados do texto por sugestão de vários parlamentares. Cunha recuou, por exemplo, nas sugestões de indiciamento de cinco jornalistas e no pedido de investigação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Todas as referências ao procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres, também foram retiradas da versão final, mas nem as alterações foram suficientes para convencer a maioria da CPMI.

“Não há como não registrar  a frustração com o término da CPMI. Vamos votar contra, não pelo que nele [no relatório] consta, mas pelo que não consta. O que consta já está encaminhado ao Ministério Público Federal. O que consta é a compilação do trabalho final da Polícia Federal. Em linguagem popular, eu poderia dizer que estamos chovendo no molhado, adotando providencias que já foram adotadas. Em relação ao que é essencial, não avançamos, a CPMI termina onde deveria começar”, criticou o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), ao votar contra o relatório de Cunha.

Nem mesmo o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), um dos escalados para defender a aprovação do relatório, poupou críticas. “Todos sabem a posição que tenho sustentado desde início da CPMI, de critica de contundência, muitas vezes contra o relator. A CPMI perdeu a oportunidades quando suspendeu os trabalho em setembro deste ano, quando não quebrou o sigilo das 21 empresas identificadas como as que receberam recursos da empreiteira Delta”.

Apesar das declarações, Randolfe disse, antes da votação, que o pior ainda seria a comissão ficar sem relatório. “Pode não ser o relatório perfeito, mas vai ser luz de lamparina na noite da impunidade histórica do país”, disse.

 

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