Mundo
Relatório do Congresso dos EUA expõe subserviência de Bolsonaro a Trump
Relatório destaca ‘erosão da democracia, direitos humanos e proteção ambiental sob Bolsonaro’ e aponta incoerências do apoio a Trump
Um relatório interno que circulou no Congresso norte-americano indica que o governo de Jair Bolsonaro tem tido poucos benefícios da relação entre Estados Unidos e Brasil.
O documento, que teve última atualização no dia 06 de julho, aponta que a situação brasileira não se encontra tão melhor depois do País passar pelo “controverso” impeachment de Dilma Rousseff.
Na apresentação, também há citações sobre os inquéritos envolvendo Bolsonaro, seus filhos e sua base governista no Supremo Tribunal Federal (STF).
O relatório foi escrito por Peter J. Meyers, apresentado como especialista em assuntos latino-americanos.
As informações apontam especialmente para as ameaças que o governo Bolsonaro representa para os direitos humanos e mostram que, no cenário das relações exteriores, o alinhamento completo a Washington não trouxe tantos benefícios ao país.
No texto, há citação às tarifas adicionais ao aço e alumínio mesmo após acordos bilaterais entre as nações. O protecionismo norte-americano tem sido influenciado, em grande parte, devido à guerra comercial contra os produtos chineses. Segundo um relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com as imposições valendo desde 2018, as medidas têm impacto de US$ 1,6 bilhão nas exportações brasileiras por ano.
“Os EUA e o Brasil historicamente mantiveram robustas relações políticas e econômicas, mas as percepções divergentes de seus interesses nacionais inibiram o desenvolvimento de parcerias próximas. Essas percepções mudaram de algum modo no último um ano e meio. Enquanto os governos brasileiros do passado buscavam manter autonomia em relação aos assuntos internacionais, Bolsonaro tem acenado para um alinhamento com os EUA”, diz o relatório.
Há, também, a diferença de postura do Brasil em relação aos embargos comerciais a Cuba e a Venezuela, que, no governo atual, seguem as determinações de Trump.
Em meio à pandemia, também destacada em sua resposta trágica dada por Bolsonaro, o documento ressalta que os EUA forneceram cerca de 2 milhões de doses de hidroxicloroquina ao Brasil de maneira “ainda mais controversa” do que o já agora habitual.
Destruição da Amazônia e de políticas ambientais ganham destaque
Desde o alinhamento de Bolsonaro em relação a Trump sobre o Acordo de Paris, o desmonte de políticas públicas relacionadas à conservação do meio ambiente e da Amazônia chama a atenção.
Medidas para pressionar o Brasil a aumentar os esforços de preservação do bioma já chegaram a correr no Congresso americano, sob pena de interromper importações de produtos brasileiros, especialmente os relacionados ao agro e ao petróleo, além de possíveis auxílios militares.
“Bolsonaro tem questionado os dados do governo sobre desmatamento e reduzido a força ambiental. Ele removeu diversos funcionários de alto-escalão das agências de monitoramento ambiental do Brasil […]. Em 2019, a principal agência ambiental [Ibama] reportou 24% menos multas ambientais, 51% menos crimes e apreendeu 61% menos madeira ilegal do que em 2018”, diz o relatório.,
O documento encerra dizendo que, por mais que congressistas americanos apoiem medidas de apoio ao Brasil ou de relações mais estreitas, muitos têm visto a mais nova posição diplomática do País com desconfiança devido às preocupações om a “erosão da democracia, direitos humanos e proteção ambiental sob Bolsonaro”. Leia o relatório completo (em inglês).
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