Política

Recado a Motta, afago a Fux e ataque contra o STF: como foi o ato de Bolsonaro em Brasília

Manifestação reuniu milhares na Esplanada dos Ministérios. Apoiadores do ex-capitão rejeitam acordo de diminuição de penas 

Recado a Motta, afago a Fux e ataque contra o STF: como foi o ato de Bolsonaro em Brasília
Recado a Motta, afago a Fux e ataque contra o STF: como foi o ato de Bolsonaro em Brasília
Bolsonaristas se reuniram em Brasília nesta quarta 7. Foto: Vinícius Nunes/CartaCapital
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Milhares de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) se reuniram na tarde desta quarta-feira 7 em Brasília para pedir anistia aos golpistas do 8 de Janeiro. O ex-presidente esteve no ato, ao lado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), do pastor Silas Malafaia e de parlamentares.

A manifestação começou às 16h e seguiu pelo Eixo Monumental, desde a Torre de TV até as proximidades da Alameda dos Estados, na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional.

O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, disse que havia mais de 10 mil pessoas no ato. O Monitor do Debate Político do CEBRAP e a ONG More in Common calcularam 4 mil pessoas. A Polícia Militar do Distrito Federal não costuma fazer cálculo de manifestações.

Os congressistas que participaram da manifestação falaram em “ditadura do Judiciário” e “estado judicial de exceção” e alegaram que Bolsonaro “sofreu um golpe”. O deputado Delegado Caveira (PL-PA) foi o primeiro a citar Hugo Motta (Republicanos-PB), ao incitar o público contra o presidente da Câmara.

Os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Zucco (PL-RS) foram mais enfáticos. Enquanto o mineiro apelou à “honra” de Motta para acatar o pedido de urgência do projeto de lei da anistia, o gaúcho exigiu respeito aos deputados que assinaram o requerimento: “O Brasil não pode ficar refém de uma pessoa só”, afirmou.

Já o senador Magno Malta (PL-ES) atacou o Supremo Tribunal Federal. Enfurecido, disse que a Corte é um “consórcio do mal” e que os ministros verão “Bolsonaro se levantar mais uma vez”. “Bolsonaro vai assumir novamente como presidente”, disse. O ex-capitão, porém, segue inelegível devido a duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral.

Michelle e Malafaia evitaram ataques diretos ao STF, mas citaram o ministro Luiz Fux como “a pessoa sensata” na Corte. Eles se referem à divergência aberta pelo magistrado no julgamento da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, condenada a mais de 14 anos de prisão — Fux votou por sentenciá-la a apenas um ano.

“O ministro Fux acabou com a farsa do golpe. Ele desmascarou Alexandre de Moraes. Ele disse que não tem prova de golpe de Estado, nem de associação armada, nem abolição do Estado Democrático”, afirmou Silas Malafaia.

Bolsonaro, o último a falar, afirmou que “a anistia é um ato político e privativo do Parlamento brasileiro” e que “ninguém tem que se meter em nada”. O discurso foi breve.

Foto: Vinícius Nunes/CartaCapital

Apoiadores rejeitam acordo por redução de penas

O belo-horizontino José Caldeira, 53 anos, disse que o acordo costurado por STF, Câmara e Senado, encabeçado pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP), é insuficiente, já que a anistia deve ser “total e irrestrita”. Ele se disse contra a destruição do 8 de Janeiro e alegou que há pessoas presas “por não ter quebrado um copo”. Caldeira esteve na insurgência bolsonarista no início de 2023.

A aposentada Neuza Meireles, 64, disse ter comparecido ao ato para clamar por “justiça” aos golpistas condenados. Ela também declarou ter participado do 8 de Janeiro, mas não virou alvo do STF.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o pastor Silas Malafaia durante ato pela anistia em Brasília. Foto: Sergio Lima/AFP

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