Política
Randolfe retira projeto que mudaria a forma de eleger senadores no Brasil
A proposta poderia dificultar o plano do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de fazer maioria na Casa Alta em 2026


Líder do governo Lula (PT) no Congresso Nacional, o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) recuou e pediu a retirada do projeto que, se aprovado, poderia dificultar o plano do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de fazer maioria no Senado na próxima eleição. A solicitação foi apresentada uma semana após o texto ser protocolado.
Não houve justificativa oficial para o arquivamento. CartaCapital apurou com aliados que Randolfe deve retomar o tema no âmbito da reforma eleitoral, projeto em andamento na Casa Alta sob a relatoria do emedebista Marcelo Castro (PI).
O texto previa que, em pleitos como o de 2026, em que dois senadores serão escolhidos por cada estado, o eleitor tivesse direito a apenas um voto, com os dois candidatos mais votados chegando à Casa Alta.
Atualmente, a legislação permite votar em dois nomes para senador quando dois terços da Casa são renovados.
Na justificativa do projeto, Randolfe disse que o modelo atual “permite que os três representantes de cada unidade da Federação sejam do mesmo partido, ainda que mais de um terço dos eleitores tenha outra preferência política”.
Também argumentou que, em um “ambiente polarizado como o atual, mecanismos que contribuam para estimular a diversidade da representação política são essenciais”.
Se fosse aprovado, o projeto poderia atrapalhar os planos de Bolsonaro para a próxima legislatura. A intenção do ex-capitão é lançar nomes competitivos em estados conservadores para construir uma base sólida no Senado. A estratégia tem como pano de fundo o objetivo de pautar o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal.
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