“Quero que o MP tenha coragem de admitir: não tenho provas, eu menti”

Em discurso para militantes que se reuniram em Curitiba, ex-presidente afirmou que prefere a morte do que entrar para a história como mentiroso

Lula discursou para uma multidão em Curitiba após depoimento a Moro

Apoie Siga-nos no

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou na noite desta quarta-feira 13 aos militantes que o aguardavam após seu depoimento ao juiz Sérgio Moro e desafiou o Ministério Público a se retratar: “Eu quero que o Ministério Público, que é uma instituição que eu respeito tenha a coragem de admitir: não tenho provas contra Lula, eu menti.”

Em pouco mais de 15 minutos, Lula reforçou que depois de anos de gravações de telefonemas dele, de sua família, e da ex-presidente Dilma Roussef, nunca foi encontrada nenhuma verdade nas acusações

Leia mais:
Lula critica fala de Palocci sobre “pacto” com Odebrecht. “Desfaçatez”

Lula pergunta a Moro: “prestei depoimento a um juiz imparcial?”

Mais cedo, ainda em seu depoimento, Lula fez duras críticas à atuação do MPF-PR e voltou a dizer que é alvo de perseguição. Ao ser questionado sobre o pagamento do aluguel de um apartamento que é vizinho ao seu em São Bernardo do Campo, tema que é também parte da ação, Lula insinuou que o MPF age politicamente. “Isso é suposição de vocês, ilação de vocês, sabe, porque o que menos preocupa vocês agora é prova”, afirmou. Moro interveio. “Senhor ex-presidente, talvez o senhor esteja um pouco rancoroso, mas é a oportunidade que o senhor tem de responder”, disse o juiz.

O tom permaneceu no discurso, quando Lula pediu para que os militantes não se preocupem com os depoimentos. “Eu não sou melhor que ninguém, eu quero prestar todos os depoimentos. A única coisa que eu quero é que aqueles que me ataquem um dia vão para a mesma televisão que me atacam para pedir desculpas.”

No que pode ser entendido como uma referência ao depoimento do ex-ministro Antônio Palocci, Lula disse que “a desgraça de quem mente é que tem que passar a vida toda mentindo. Eu tenho comigo uma coisa que devo a vocês: tenho comigo a verdade. Eu jamais mentiria pra vocês. Prefiro a morte do que passar para a história como mentiroso para o povo brasileiro, e especialmente para o povo trabalhador.”


O ex-presidente também reforçou que se sente alvo de perseguição por parte daqueles que não concordam com os avanços de inclusão e combate à pobreza de seu governo. Segundo o ex-presidente, “não há na história da humanidade nenhum estadista que resolveu governar para os pobres e tivesse resistido à sanha da elite perversa”.

Sobre o futuro, Lula afirmou “não ter medo de nada” e que quem tem medo são aqueles que não querem que ele volte para a Presidência. “Se eles estão com medo de que eu volte a governar esse país, é bom eles terem medo mesmo. Eu não sei se eles vão cansar. Eu não vou cansar. Quero lutar até os últimos dias da minha vida”.

Lula encerrou sua fala com um tom mais afetivo e chamou de “Lulinhas” os apoiadores reunidos para ouvi-lo. “Se querem me cassar, me prender, me condenar, achando que isso vai acabar com a luta… Considero cada um de vocês um Lulinha. Um Lula incomoda muita gente, mas todos vocês incomodam muito mais”. 

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.