‘Quem quiser o poder que dispute eleições’: a explicação de Lula sobre não decretar GLO no 8 de Janeiro

Um decreto de Garantia da Lei e da Ordem daria às Forças Armadas a atribuição de poder de polícia até o restabelecimento da normalidade

Foto: EVARISTO SA / AFP

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O presidente Lula (PT) afirmou ter recebido a sugestão de editar um decreto de Garantia da Lei da Ordem durante os ataques golpistas de 8 de Janeiro, mas rechaçou prontamente a ideia. Tratava-se, segundo ele, de um problema a ser resolvido pela política, não pelos militares.

A GLO está prevista no artigo 142 da Constituição Federal, em casos nos quais se esgotam as forças tradicionais de segurança pública, como a Polícia Militar e a Polícia Civil, durante graves situações de perturbação da ordem.

Esse decreto concede às Forças Armadas a atribuição de poder de polícia até o restabelecimento da normalidade.

A primeira operação de GLO ocorreu em junho de 1992, no Rio de Janeiro, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ECO-92.

“Nas conversas que eu tive com o ministro Flávio Dino [da Justiça], e foram muitas conversas, dentre várias coisas que ele me falou, ele aventou que uma das possibilidades era fazer GLO”, disse Lula em gravação de vídeo após uma pergunta do jornal Folha de S.Paulo. “E eu disse ao ministro Flávio Dino que não teria GLO. Eu não faria GLO porque quem quiser o poder que dispute as eleições e ganhe, como eu ganhei as eleições.”

“Por que eu, com oito dias de governo, iria dar para outras pessoas o poder de resolver uma crise que eu achava que tinha que resolver na política? E foi resolvida na política.”


Em vez da GLO, Lula decidiu decretar até o fim de janeiro passado uma intervenção na segurança pública do Distrito Federal. O escolhido para liderar a empreitada foi o secretário-executivo do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Cappelli.

“A resposta que as instituições deram foram muito importantes, com a intervenção decretada pelo presidente Lula, aquele ato que aconteceu no dia seguinte, unindo governadores, magistrados e ministros com o presidente, além da resposta firme e enérgica que o Supremo Tribunal Federal deu e tem dado”, disse Cappelli em entrevistaCartaCapital na sexta-feira 5.

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