O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, criticou a suspensão de sua filiação ao partido Novo, após decisão do Conselho de Ética da Legenda. “É inacreditável”, declarou em entrevista ao Programa Pânico, da Jovem Pan, nesta sexta-feira 1. Salles foi vestido com a camisa do partido.
Ele não descartou que a suspensão temporária – que ainda passará por um julgamento final, sem data prevista – possa ser fruto de “puxada de tapete” dentro do partido. “Ali [Novo] é o seguinte… Quem não reza a cartilha do Amoêdo ele boicota”, disse.
As críticas ao presidente do partido não pararam aí. “Você tem ali um presidente do partido que deixa a presidência para ser candidato, não se elege e depois volta para a presidência do partido novamente. Vai querer ser candidato de novo… (…) Ele não ajudou o Zema [Romeu] na eleição para governo do estado. Quando o Zema foi eleito, sequer foi lá na posse. Brigou com o Mateus Bandeira no Sul. Agora tem uma resolução nova no partido impedindo a participação das pessoas em movimentos sociais e grupos, pois foi alegado que isso fere a imagem do partido. Ou seja, a pessoa perde completamente a autonomia. (…) É o fim da picada”.
O pedido pela suspensão de Salles foi feito pelo deputado estadual Chicão Bulhões (Novo-RJ), que o critica por sua conduta em relação ao desmatamento na Amazônia e ao vazamento de óleo em praias do Nordeste. O parlamentar tomou como base o artigo 21 da seção V do estatuto do partido, que prevê pena de suspensão quando houver risco de dano grave e de difícil reparação à imagem e reputação do Novo.
Durante a entrevista, Salles falou sobre o processo. “O que aconteceu com relação à representação? Três pessoas apresentaram uma representação no Conselho de Ética dizendo que eu tinha ido para o governo Bolsonaro sem ter consultado o partido, que as minhas ideias acabavam expondo o partido… Um dos três, logo em seguida, teve que sair do partido porque foi delatado pelo Palocci [Antonio] na Lava Jato. O outro tinha sido um que acho que condecorou alguém do PSOL por questões ideológicas, e o terceiro eu não sei quem é”.
Ele seguiu com críticas ao processo de votação pela Comissão de Ética do partido. “Entraram com a representação. Quatro pessoas da Comissão de Ética votaram dizendo que a representação não reúne o menor requisito de admissibilidade. Votaram. Não admitiram a representação porque não tinha nada de errado para ser enquadrado na questão ética do partido. Aí vem uma quarta pessoa, se dá por impedida, e é substituída por uma outra. E essa pessoa diz achar que a reapresentação deve ser recebida… Curiosamente prevalece o voto dessa pessoa, destoante dos outros três, e ela vira o relator. E esse relator, monocraticamente, decide suspender a minha filiação. É uma coisa inacreditável. O partido que diz ter a regra de governança, ser o exemplo de postura… se deixa ter uma manipulação. E a manipulação tem uma origem óbvia. O que nós temos que identificar aí? O que está acontecendo por trás disso. Essa é a questão principal”.
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