Política
Quem é Washington Quaquá, vice-presidente do PT que deu tapa em deputado na Câmara
Parlamentar exaltou agressão e tem histórico de disputas dentro do próprio partido


Na sessão desta quarta-feira 20, que promulgou a reforma tributária, uma cena insólita foi protagonizada no plenário da Câmara dos Deputados. O deputado federal Washington Quaquá (PT-RJ) acertou um tapa no rosto do colega Messias Donato (Republicanos-ES).
Insólita, ao menos, se observada desde o ponto de vista do decoro parlamentar tradicionalmente imposto aos legisladores.
O protagonista da agressão de ontem é vice-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT). A CartaCapital, Quaquá disse que reagiu ao ser chamado de “ladrão” por Nikolas Ferreira. Além disso, o parlamentar é acusado de ter promovido ataques homofóbicos a Ferreira. Segundo Quaquá, com ele, “a porrada canta”.
Quem é Washington Quaquá
Ex-prefeito de Maricá (RJ), Washington Luiz Cardoso Siqueira, conhecido como Quaquá, é deputado federal em primeiro mandato. Ele é filiado ao PT desde adolescente.
No seu histórico como prefeito, Quaquá foi condenado duas vezes por abuso de poder político e econômico. Na decisão mais recente, de 2014, a Justiça decidiu que ele contrariou a lei ao reajustar a remuneração de servidores em até 100% após período permitido pela legislação. Ele se manteve no cargo, mas passou oito anos inelegível.
A ideia de que “a porrada canta”, dita ontem, vai além da retórica. No início de 2019, Quaquá se envolveu em uma briga em Maricá, após, em praça pública, um homem vestindo uma camisa estampando uma suástica agredir verbalmente pessoas ao seu redor.
Presente à ocasião, Quaquá, que disse ter sido provocado, atirou a cadeira de um bar no homem. “Não dá para tolerar defensores do nazismo circulando livremente, atacando a democracia”, argumentou o político, à época.
Disputas no interior do PT também marcam a carreira de Quaquá. Em 2022, ele fez críticas à ex-presidenta Dilma Rousseff, afirmando que a petista “não tem mais relevância eleitoral”. Figuras importantes do partido, como a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, e o então deputado Paulo Pimenta (hoje chefe da Secretaria de Comunicação) saíram em defesa de Dilma.
Já na Câmara, Quaquá também foi protagonista de outra ‘bronca’ de colegas de partido ao publicar uma foto, sorridente, ao lado do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Ele alegou ser um homem de diálogo e que “o diálogo é artefato da democracia”. Na ocasião, Gleisi condenou a imagem, que considerou desrespeitosa com as vítimas da Covid-19.
Semanas depois da foto, o deputado também chamou a atenção por um voto em favor do arquivamento de representações contra os bolsonaristas Nikolas Ferreira e Carla Zambelli.
Sobre o caso de ontem, a oposição já manifestou que pretende entrar com uma representação contra Quaquá no Conselho de Ética, pedindo a cassação do mandato do petista.
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