Política
Quem é Waguinho, o ex-prefeito de Belford Roxo que pode assumir o comando da PortosRio
A escolha enfrenta resistências entre integrantes do PT por ligação com Eduardo Cunha e investigações da PF; Aliados veem gesto por empenho em 2022
Principal fiador da campanha de Lula (PT) na Baixada Fluminense (RJ) nas eleições de 2022, o ex-prefeito de Belford Roxo Waguinho (Republicanos) deve ser escolhido pelo petista para comandar a PortosRio, a antiga Companhia Docas do Rio de Janeiro. A estatal é responsável pela administração dos portos públicos federais no estado.
O atual dirigente da autarquia, Francisco Leite Martins Neto, deve ser realocado para um espaço na diretoria da PortosRio. As informações foram inicialmente divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmadas por CartaCapital. A expectativa é que a dança das cadeiras no órgão sejam formalizadas nos próximos dias.
A indicação, contudo, tem causado mal-estar entre integrantes do PT, que veem a escolha com ceticismo. O principal ponto de incômodo é sua proximidade com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, algoz do partido pela condução do processo de impeachment contra Dilma Rousseff, em 2016. Os dois atuavam juntos no diretório estadual do Republicanos até a semana passada, quando foram destituídos.
Também pesam contra ele apurações da Polícia Federal sobre desvios de recursos públicos no período em que estava à frente de Belford Roxo. Em março, Waguinho passou a ser formalmente investigado por integrar um suposto esquema em contratos para compra de livros didáticos. Dois meses antes, foi alvo de operação que mira contra desvios de 15 milhões de reais em recursos previdenciários.
Esses dois pontos são citados por petistas fluminenses como motivo de preocupação com a nomeação do ex-prefeito. Aliados dele, porém, contemporizam e afirmam que a escolha é uma forma de Lula retribuir o apoio dado nas eleições de 2022 no Rio, onde Waguinho atuou para isolar a capilaridade política de Jair Bolsonaro (PL).
Interlocutores ainda lembram de sua aproximação com o segmento evangélico, onde o governo Lula (PT) tenta reestabelecer pontes sólidas de diálogo, ao falar da indicação para a PortosRio. CartaCapital não conseguiu contato com Waguinho para comentar o assunto. O espaço segue à disposição.
Nascido Wagner dos Santos Carneiro, o ex-prefeito tem 53 anos e formou-se em Direito pela UniverCidade. É marido da deputada federal e ex-ministra do Turismo Daniela Carneiro, que foi exonerada do cargo em 2023 após o rompimento dele com o União Brasil. Iniciou sua carreira política em 2008, quando foi eleito vereador mais votado da cidade fluminense pelo PRTB.
Dois anos depois, ascendeu à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e foi reeleito em 2014, com 53.835 votos, pelo PMDB. Sua primeira candidatura à prefeitura de Belford Roxo foi em 2012, mas foi derrotado por Dennis Dauttmam, do PCdoB. Em 2016, concorreu novamente e conseguiu se eleger. Permaneceu na gestão até o ano passado, quando apoiou seu sobrinho, Matheus Carneiro, para a vaga.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
