Política
Quem é Rodrigo Bacellar, preso sob suspeita de vazar operação no Rio de Janeiro
O presidente da Alerj era cotado a disputar a sucessão de Cláudio Castro em 2026
Preso nesta quarta-feira 3 sob suspeita de vazar informações sigilosas de uma operação que mirou um líder do Comando Vermelho no Rio de Janeiro, o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União), ascendeu rapidamente na política fluminense e cogitava disputar a sucessão de Cláudio Castro (PL) em 2026.
O parlamentar foi alvo da Operação Unha e Carne, deflagrada pela Polícia Federal para apurar o vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun, que levou à prisão o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias (sem partido), de quem Bacellar era aliado.
Na decisão em que autorizou a diligência, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes afirmou que o presidente da Alerj teria trabalhado “pela obstrução de investigações envolvendo facção criminosa e ações contra o crime organizado, inclusive com influência no Poder Executivo estadual”.
Diálogo obtidos pela PF rgistram que o deputado não apenas informou TH sobre a ação contra ele, mas o orientou a destruir provas.
Filho do ex-vereador de Campo dos Goytacazes Marcos Bacellar, o presidente da Alerj afirma ter entrado na política sob influência do pai. Rodrigo já esteve ao lado de lideranças do PT, sigla à qual foi filiado na juventude, mas chegou ao poder pelo Solidariedade, em 2018, ao se eleger deputado estadual com 26.135 votos.
Um dos principais aliados do petista André Ceciliano durante sua gestão à frente da Casa, Bacellar ganhou destaque ao relatar o processo de impeachment do então governador Wilson Witzel, em 2020. Dois anos depois, reelegeu-se deputado estadual pelo PL e foi escolhido para chefiar a Alerj por unanimidade. Além disso, Bacellar trabalhou como assessor da Secretaria-Geral de Planejamento do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (2007 a 2009) e presidiu a Fundação Estadual do Norte Fluminense (2009 a 2011).
Advogado tributarista de formação, ele era cotado para concorrer ao governo estadual como sucessor de Castro. A relação entre os dois, porém, está estremecida desde julho, quando Bacellar decidiu exonerar o secretário de Transportes, Washington Reis (MDB), sem o aval do governador, no momento em que o chefe do Palácio da Guanabara estava em viagem no exterior.
Em 2023, o Ministério Público abriu um procedimento investigativo contra Bacellar por suspeitas de enriquecimento ilícito. O caso envolve o imóvel onde o parlamentar mora em Botafogo, zona sul do Rio. A apuração indica que o prédio pertence ao advogado Jansens Calil Siqueira, conterrâneo do chefe da Alerj e seu sócio em um frigorífico.
Bacellar é o segundo presidente da Casa Legislativa preso no exercício do cargo. Em 2017, Jorge Picciani foi detido na operação Cadeia Velha. À época, os investigadores miravam um esquema de pagamento de propinas a deputados estaduais em troca de votos favoráveis na Assembleia Legislativa em temas relacionados ao setor de transportes públicos.
CartaCapital tenta localizar a defesa de Rodrigo Bacellar, e a Alerj não se manifestou. O espaço segue aberto.
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