Política

Quatro são presos em operação da PF contra fake news nas eleições municipais

Mandados são cumpridos no Rio de Janeiro, onde o grupo pagava R$ 2 mil para os atores responsáveis por difundir notícias falsas sobre candidatos em ao menos dez cidades

Quatro são presos em operação da PF contra fake news nas eleições municipais
Quatro são presos em operação da PF contra fake news nas eleições municipais
Foto: Divulgação
Apoie Siga-nos no

A Polícia Federal (PF) prendeu quatro pessoas responsáveis por produzir e propagar fake news sobre as eleições municipais de 2024. Os mandados são cumpridos no Rio de Janeiro no âmbito da operação Teatro Invisível.

Segundo a corporação, o grupo formava uma organização criminosa que tinha como objetivo espalhar informações e notícias falsas sobre determinados candidatos ao cargo de prefeito. As disputas em ao menos dez cidades do Rio estão no centro da ação ilegal do grupo desmantelado nesta quinta. A organização criminosa atuava desde, pelo menos, 2016.

Os agentes também cumprem outros 15 mandados de busca e apreensão. Há também em vigor um bloqueio de bens que soma cerca de 1 milhão de reais de cada um dos investigados. Todas as ações foram autorizadas pela 8ª Zona Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro.

Os alvos de prisões e buscas ainda não tiveram as identidades reveladas. Sabe-se, porém, que parte deles já ocupou funções e cargos públicos. As vítimas do grupo criminoso também não foram oficialmente nomeadas pela PF. A atuação criminosa foi iniciada em São João de Meriti antes de se espalhar por outros municípios do Rio.

Em nota, a corporação classificou o esquema de propagação de fake news sobre o pleito como ‘sofisticado’ e ‘lucrativo’:

“As investigações revelaram que a organização criminosa, por meio de seus líderes – que já chegaram a ocupar funções públicas em diversas cidades do estado do Rio de Janeiro -, desenvolveu um sofisticado e lucrativo esquema baseado na contratação de pessoas com o objetivo de influenciar no processo eleitoral de diversos municípios”, resumiu a PF.

O comunicado descreve, ainda, parte do modus operandi da quadrilha. “Tais contratados, após receberem as instruções dos coordenadores acerca da propagação de notícias falsas sobre um determinado candidato à Prefeitura Municipal, passavam a circular diariamente pelo município alvo, infiltrando-se em locais com aglomerações de pessoas como pontos de ônibus, padarias, filas de bancos, bares e mercados, difundindo aos eleitores falsas afirmações sobre um determinado postulante ao cargo de prefeito, no intuito de beneficiar o candidato para o qual o serviço criminoso fora contratado.”

Cada um dos propagadores de fake news recebia, segundo a Polícia, 2 mil reais. Os líderes do esquema, por sua vez, receberiam 5 mil reais pela definição da estratégia e teriam contratos com prefeituras.

“No ano eleitoral, quando o esquema entrava em vigor, os coordenadores eram exonerados de seus cargos e substituídos por ‘laranjas’ – possíveis funcionários fantasmas –, a fim de manter o ‘direito’ sobre eles”, relatam os investigadores.

O grupo desmantelado nesta quinta é investigado por organização criminosa, desvio de funcionários públicos para a atuação no grupo criminoso, utilização de ‘laranjas’, lavagem de dinheiro, constrangimento ilegal de servidores, assédio eleitoral e difusão de notícias falsas e/ou desinformação.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo