Política

Quase 50 mil eleitores de São Paulo anularam o voto ao digitar 13 nas urnas

O PT, pela primeira vez, não teve candidato na capital; a confusão é atribuída a Marçal, que usou os debates para afirmar que o 13 seria o número de Boulos nas urnas

Quase 50 mil eleitores de São Paulo anularam o voto ao digitar 13 nas urnas
Quase 50 mil eleitores de São Paulo anularam o voto ao digitar 13 nas urnas
Foto: Reprodução
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Cerca de 48,1 mil eleitores em São Paulo anularam seus votos no primeiro turno das Eleições 2024 ao digitarem o número 13, do Partido dos Trabalhadores, nas urnas. O PT, pela primeira vez, não lançou um candidato à prefeitura da cidade, mas apoiava Guilherme Boulos (PSOL), cujo número nas urnas é 50. O levantamento dos votos incorretos foi realizado pelo jornal O Globo com base nos dados das urnas divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Boulos foi ao segundo turno, com cerca de 25 mil votos a menos do que Ricardo Nunes (MDB), o primeiro colocado na disputa. Caso a ‘confusão’ dos eleitores não tivesse ocorrido, é bastante provável que o psolista teria terminado a disputa na primeira colocação. A votação neste pleito foi a mais acirrada da história de São Paulo e terminou com Pablo Marçal (PRTB) muito próximo dos dois primeiros colocados.

A confusão de números pode ter sido agravada por declarações de Marçal durante os debates realizados poucos dias antes da votação. Nos eventos, o ex-coach sugeriu aos eleitores que estavam “doidos para votar 13” que digitassem 28, seu número de campanha. Marçal reforçou posteriormente a mensagem nas redes sociais, contribuindo para a desinformação.

Em áreas como São Mateus e Cidade Tiradentes, na Zona Leste, e Cidade Dutra, na Zona Sul, regiões de forte apoio a Boulos, a anulação de votos por erro no número pode ter sido decisiva. Em São Mateus, por exemplo, 1,3% dos eleitores votaram 13, número incorreto, e na Cidade Dutra, 1.797 eleitores cometeram o mesmo erro, alterando potencialmente o resultado local, conforme aponta o levantamento do jornal.

Situação parecida, indicam os números, aconteceu no Jardim Helena e na Cidade Tiradentes, ambas também na periferia da Zona Leste. Nessas três zonas eleitorais, Boulos venceu a eleição, o que sugere que os “erros” ocorreram onde ele possuía maior potencial que os adversários.

Na Cidade Dutra, no extremo da Zona Sul, onde a esquerda é historicamente forte na cidade, a diferença de votos poderia ter alterado o vencedor no bairro. Lá, cerca de 1.800 eleitores digitaram o número 13, o que faria com que Boulos potencialmente ultrapassasse Ricardo Nunes.

Em comentário encaminhado ao Globo sobre o caso, a campanha de Boulos culpou as “mentiras e fake news” propagadas por Marçal pela confusão.

“Guilherme Boulos foi vítima de inúmeras mentiras e fake news durante o processo eleitoral. A confusão de números provocada por Pablo Marçal durante os debates é apenas mais uma delas. Apesar das mentiras estamos no segundo turno e vamos vencer a eleição”, anotou a equipe do psolista.

Votos no 22

Eleitores bolsonaristas da cidade também anularam votos por confusão nos números. O volume de erro, no entanto, foi menor. Segundo o levantamento do jornal O Globo, 18 mil eleitores digitaram o número 22 nas urnas em São Paulo. O PL, dono do número, também não tinha candidato. O partido de Jair Bolsonaro ocupava a posição de vice na chapa de Ricardo Nunes.

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